Pesquisa e assistência técnica na citricultura: custos e retornos sociais

• Ano de defesa: 1980
• Autor(a) principal: Moricochi, Luiz
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: ASSISTÊNCIA TÉCNICA; CITRICULTURA; PESQUISA
• Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20220207-213106/

A alocação racional de recursos de capital dentro da sociedade tem sido u:rra preocupação constante dos governantes. Estudos têm evidenciado que a canalização de recursos para as áreas de pesquisa e educação vem apresentando elevados retornos sociais. No caso da agricultura, o rápido crescimento da produtividade depende da capacidade de gerar tecnologia adaptada às condições de cada país ou região. Com o presente trabalho pretende-se ampliar um pouco mais os conhecimentos empíricos em relação à pesquisa agrícola, como fonte de crescimento econômico. O produto escolhido foi a laranja. Especificamente, pretende-se estimar: a) os custos da pesquisa e assistência técnica à citricultura; e, b) os entornos sociais aos investimentos realizados nesse setor. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vem realizando desde há muito tempo pesquisa com citrus, tendo publicado mais de 4 70 trabalhos técnico-científicos no período de 1935 a 1976. Apenas um exemplo seria suficiente para marcar a importância da pesquisa no campo da citricultura: o vírus da tristeza constatado em 1937, foi responsável pela eliminação de cerca de 10 milhões de plantas no Estado de são Paulo, ou seja, 80% das árvores existentes na época. Graças à pesquisa, esse problema foi contornado, CE pomares foram recuperados e hoje o Estado é o 1º exportador e 2º produtor :mundial de suco concentrado, tendo gerado mais de US$ 300 milhões de divisas para o País em 1979. Para estimar os custos levantou-se as informações referentes aos orçamentos dos órgãos oficiais responsáveis pela pesquisa e assistência técnica a citricultura. Os benefícios foram estimados através de informações sobre ganho de produtividade em de decorrência da adoção das recomendações técnicas. Para o cálculo das estimativas de retorno social aos investimentos em pesquisa foi utilizada a concepção marginalista de Alfred Marshall. A análise baseia-se na premissa de que a curva da demanda reflete a utilidade marginal do produto e que a curva de oferta, o custo de oportunidade marginal dos recursos utilizados na produção. A curva de oferta estaria posicionada mais à esquerda caso não estivessem à disposição dos produtores os estoques de tecnologia gerados pela pesquisa. Os resultados indicam que a alocação de recursos em pesquisa e assistência técnica foi eficiente. Os benefícios tiveram início na década de 50 e foram bastante superiores aos custos. A taxa interna de retorno, calculada em função de diferentes alternativas de elasticidade de demanda e oferta também sob diferentes hipóteses de deslocamento da curva de oferta, variou de 18,33% a 27,61%. Os resultados obtidos nesta pesquisa confirmam os trabalhos já realizados de que a pesquisa agrícola é de fundamental importância para sustentar o d2senvolvirrento econômico. O estudo se limitou aos beneficies da pesquisa para são Paulo. Entretanto, outros estados e mesmo países se beneficiaram com as pesquisas aqui realizadas. Assim, seguramente, os retornos sociais totais são superiores aos estimados. Neste momento em que a agricultura é evocada para resolver os problemas do balanço de pagamentos do País, da escassez de energia e do abastecimento interno, os resultados sugerem que os instrumentos de geração e difusão de novos conhecimentos têm que ser aperfeiçoados a fim de que realmente a economia brasileira possa ter um crescimento autossustentável.