Um leitor inconformado: Álvares de Azevedo e o periodismo do século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Natália Gonçalves de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8151/tde-25022019-122347/
Resumo: Esta tese de doutorado tem por objetivo principal analisar o conjunto da produção ensaística de Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1831-1852), composta por Literatura e civilização em Portugal; Lucano; Alfredo de Musset: Jacques Rolla e George Sand: Aldo o rimador. A pesquisa elenca as principais questões levantadas pelo autor enquanto crítico literário e delineia as polêmicas em que cada um desses quatro ensaios se insere. Simultaneamente, a análise identifica as características formais e estilísticas desses textos, nos quais pode se perceber um elemento recorrente que os unifica: a prática da citação. O levantamento daquilo que é citado por Álvares de Azevedo em seus ensaios permite relacioná-los a um importante conjunto de textos, na maior parte das vezes de origem internacional, composto por jornais, revistas, livros e manuais de literatura que se encontravam em circulação no Brasil do século XIX. A investigação sistemática do vasto material compulsado por Álvares de Azevedo evidencia o papel de destaque conferido à Revue des deux mondes, indubitavelmente uma de suas principais fontes bibliográficas, nas páginas da qual ele teve contato com um aparato crítico-teórico proveniente dos estudos de literaturas estrangeiras, em voga na França a partir de 1830. A visada cosmopolita que norteia os artigos de escritores como Jean-Jacques Ampère, Xavier Marmier e Edgar Quinet, ajudou o poeta brasileiro a moldar seu ponto de vista crítico. Embasados na pesquisa filológica, os trabalhos produzidos por esses estudiosos franceses de literaturas estrangeiras sugerem inúmeras ramificações entre as culturas partícipes do tronco indo-europeu e parecem ter fornecido um instrumento teórico importante para que Álvares de Azevedo equacionasse sua posição particular frente ao problema nuclear da crítica romântica do seu tempo: refutando a tese hegemônica, que defendia a autonomia da literatura brasileira frente à portuguesa, o autor da Lira dos vinte anos, de uma perspectiva internacionalista, defendia a unidade das duas literaturas e a relação da produção poética local com o rico patrimônio legado pela tradição ocidental. O diálogo com o periodismo do século XIX, sobretudo com os artigos de literaturas estrangeiras, precursores dos estudos de literatura comparada, permite colocar o debate proposto por Álvares de Azevedo no panorama mais amplo das discussões que se desenrolavam internacionalmente e ajudam a compreender o seu anseio de que as letras locais também participassem de um movimento de circulação cultural entrevisto por ele nas obras das literaturas matriciais analisadas em seus ensaios. Esta tese de doutorado dá continuidade a uma investigação iniciada no mestrado, dedicado ao estudo dos prefácios e cartas em que Álvares de Azevedo refletiu sobre sua produção poética e ficcional.