O trabalho do enfermeiro na saúde indígena: desenvolvendo competências para a atuação no contexto intercultural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Martins, Juliana Cláudia Leal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-29082017-152141/
Resumo: Introdução: O trabalho em saúde indígena tem como característica marcante a interculturalidade. O locus da prática dos profissionais é o contexto intercultural. A atuação nesse espaço de trabalho exige conhecimentos e competências que, muitas vezes, não são abordados durante a formação acadêmica. É também escassa a oferta de cursos após a graduação. O foco deste estudo foi a compreensão e a análise das possibilidades de aprendizagem do enfermeiro a partir da vivência do trabalho no interior das áreas indígenas. Para isso, considerou-se a realidade concreta do trabalho como um potencial espaço de aprendizado, fortemente marcado pela interculturalidade. Objetivo: Analisar a vivência do trabalho de saúde dentro do território indígena como um espaço potencial de aprendizagem para que o enfermeiro qualifique a sua prática profissional voltada para a atuação neste contexto intercultural. Método: Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. O campo do estudo foi o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xingu e os sujeitos da pesquisa foram os enfermeiros que nele atuam. Os dados primários foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas que abordaram a prática profissional e o processo de aprendizagem tendo como referência o trabalho no interior da terra indígena. A análise do material empírico foi realizada através da técnica de análise de conteúdo e com o apoio de conceitos do campo da antropologia e da educação tais como: competência profissional, aprendizagem significativa e interculturalidade. Resultados: A partir da inserção no serviço, os enfermeiros iniciam um processo de aprendizado que segue impulsionado cotidianamente pelas situações vivenciadas no trabalho e que tem os indígenas como principais mediadores. Aos poucos, os profissionais aprendem a identificar e mobilizar os recursos necessários para uma atuação profissional mais competente que atenda às demandas do contexto. A reprodução de práticas e atitudes é a principal estratégia utilizada pelos profissionais para lidar com as dificuldades. Dentre os elementos que compõem a competência para o trabalho nesse campo, se destacam as atitudes na relação com os indígenas e suas práticas. As representações e concepções trazidas pelos profissionais interferem na atuação profissional. A interculturalidade se mostra como fator inerente que caracteriza o contexto e as demandas que são colocadas aos profissionais que nele atuam. O distanciamento da gestão do DSEI faz com que tanto o processo de aprendizado quanto o desenvolvimento de competências ocorram de maneira autodirigida. Conclusões: O perfil da atuação profissional do enfermeiro ganha forma, quase que exclusivamente, a partir de referências encontradas dentro da área indígena contribuindo para a consolidação de um modelo de atenção distante do proposto nas diretrizes políticas