Processos comunicacionais Kaingang: configurações e sentidos da identidade cultural, memória e mídia em perspectiva histórica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Pereira, Carmem Rejane Antunes
Orientador(a): Maldonado Gómez de la Torre, Alberto Efendy
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
Departamento: Escola da Indústria Criativa
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/3307
Resumo: A pesquisa problematiza as configurações da identidade cultural em dimensão comunicacional e histórica, no contexto do grupo étnico Kaingang, focalizando os modos de ser dos públicos e suas interações peculiares com as mídias. Nosso propósito é compreender as marcas do ethos midiatizado, nos entrecruzamentos de culturas ancestrais e contemporâneas, tendo como base a expansão da cultura midiática em condições de desigualdade e de exclusão que constituem a nossa complexa diversidade cultural e a sua expressão no campo comunicativo. Tais configurações são investigadas no âmbito dos vínculos com a televisão e das demandas da visibilidade social indígena, tendo como objeto empírico as narrativas que emergem na história de vida comunicacional dos interlocutores/ouvintes/telespectadores/leitores, os quais têm como redes de pertencimento os coletivos kaingang situados nos fluxos da região metropolitana de Porto Alegre. Na coleta e tradução dessas narrativas utilizou-se metodologia inspirada no pensamento intercultural e na hermenêutica dialógica da diferença, que imbrica reconhecimento e redistribuição, valendo-se dos recursos da história oral, da antropologia e do materialismo geográfico humano, para conjugar a pesquisa de recepção em perspectiva crítica e dialética como história social. Nessa compreensão são relevantes as afinidades de matrizes milenares e comunicacionais, como a oralidade e os gêneros televisivos, num conjunto de mediações sociais, culturais, históricas e políticas identificadas na itinerância, na memória coletiva e na organização política dos Kaingang. O sujeito intercultural, portanto, é entendido nas relações de sobrevivência material e simbólica nas cidades, na luta pelos seus territórios e na sua percepção como índios de tradição, e na sua construção histórica como públicos, mediante estruturações de gostos, competência, interpelações e conflitos frente às imagens do índio midiático, que evidenciam os embates para demarcar o seu lugar no campo comunicativo, como ambiência compartilhada e como arena social do sentido. Dessa forma, a identidade cultural é traduzida em multiplicidade constitutiva, articulando luta pela terra e afirmação étnica, através da temporalidade dos telespectadores e cidadãos, na mestiçagem entre culturas ancestrais, globais, locais, urbanas, hegemônicas e contra-hegemônicas, que tecem as formas nativas de visibilidade social no campo comunicativo.