Parem de nos matar: a violência de gênero em narrativas jornalísticas na pandemia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Francielle Esmitiz da
Orientador(a): Aquino, Maria Clara Jobst de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
Departamento: Escola da Indústria Criativa
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/12584
Resumo: Esta pesquisa investiga como são construídas as narrativas jornalísticas sobre violência de gênero contra mulheres e LGBTQIA+ na pandemia de Covid-19 em portais de notícias brasileiros entre 2020 e 2021, a partir da análise em dois acontecimentos específicos. A violência de gênero se intensificou na pandemia em função, principalmente, das medidas de isolamento, da crise econômica e de saúde ocasionada pela doença, aprofundando as desigualdades de gênero. Para entender como o jornalismo narra a violência de gênero, a pesquisa parte de uma argumentação teórica sobre os estudos de jornalismo, gênero, violência de gênero contra mulheres e LGBTQIA+ e narrativas jornalísticas. Discute-se como gênero e patriarcado articulam um sistema de produção de desigualdades e violências contra mulheres e pessoas sexo-gênero diversas. A constituição histórica e social da violência contra mulheres e LGBTQIA+, conquistas, avanços e retrocessos nas políticas públicas para enfrentamento das violências são essenciais para compreender a produção e o agravamento da violência de gênero na pandemia de Covid-19. O acontecimento e as narrativas jornalísticas são conceitos centrais para pensar o papel do jornalismo e do jornalista para a produção de narrativas jornalísticas sobre violência de gênero e os sentidos que elas geram. Assim, através da análise da narrativa de dois acontecimentos de repercussão nacional sobre violência de gênero, a audiência do caso Mariana Ferrer e o caso de Roberta Nascimento, vítima de transfeminicídio que teve o corpo queimado por um adolescente em Recife, percebe-se que o jornalismo simplifica a problemática da violência de gênero ao apenas relatar os acontecimentos de modo sucinto e episódico. Desse modo, entendo que a violência de gênero, em sua origem e modos de produção, não é percebida como um acontecimento jornalístico, ainda que acontecimentos dessa natureza se acumulam cotidianamente. As narrativas pouco articulam casos, acontecimentos e dados da violência, e ainda mantém como fontes principais as institucionais, especialmente as fontes policiais. É possível ainda perceber uma construção narrativa diferenciada nos casos analisados, tanto na descrição das violências, como na identificação e tratamento dado às vítimas, que por vezes são expostas e revitimizadas. O jornalismo não se vale de sua posição como instituição legitima para produzir narrativas mais humanas e interessadas, que promovam o debate público e a produção de conhecimento. Entretanto, é possível observar que há mudanças em curso, como iniciativas que trabalham a partir de uma perspectiva de gênero, atentas ao contexto atual e as discussões de gênero e sexualidade que surgem através dos sites de redes sociais.