Como a governança dos projetos interorganizacionais se desenvolve ao longo do tempo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fernandes, Elieti Biques
Orientador(a): Wegner, Douglas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Administração
Departamento: Escola de Gestão e Negócios
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/8152
Resumo: O desenvolvimento de projetos interorganizacionais (PIOs) é considerado como uma importante estratégia organizacional, incluindo meios de obtenção de recursos para pesquisa e compra de equipamentos por parte das universidades. Ao abordar a governança desses projetos, é comum a identificação de fases associadas ao ciclo de vida deles, o que traz a ideia de que o desenvolvimento da governança segue um processo linear que enfatiza o design de uma escolha de governança ótima para cada fase dos projetos. Essa perspectiva não considera a complexidade dos relacionamentos interorganizacionais (RIOs) em que as mudanças dependem dos modos de interação, influenciados pelas incertezas, papel dos relacionamentos interpessoais e confiança. Assim, se a governança dos PIOs não é composta por escolhas estáveis em determinadas fases dos projetos, como ela se desenvolve ao longo do tempo? A resposta a esta questão de pesquisa demandou uma abordagem processual que revelasse “como” e “por que” ocorrem as mudanças na governança dos PIOs. A pesquisa qualitativa longitudinal através de um estudo de caso único foi desenvolvida durante quinze meses (de setembro de 2017 a novembro de 2018) traçando o processo de governança do projeto LaWEEEda (do inglês Latin American-European Network on Waste Electrical and Electronic Equipment Research, Development and Analyses) em tempo real. Esse projeto foi instituído em outubro de 2016, com finalização prevista para setembro de 2019, através de um programa de financiamento do Erasmus+. O LaWEEEda é composto por onze organizações, oito latino americanas e três europeias, e objetiva melhorar o diálogo entre a pesquisa e as práticas de gestão dos Resíduos Elétricos e Eletrônicos (REEEs), por meio do estabelecimento de centros regionais de treinamento no Brasil e na Nicarágua. Os dados foram analisados durante e depois da coleta de dados e utilizam-se três estratégias: narrativa, mapa visual e decomposição temporal. Os resultados da pesquisa revelaram um padrão que subsidiou a construção do modelo teórico-conceitual do desenvolvimento da governança dos PIOs e respondeu à pergunta “Como a governança dos projetos interorganizacionais se desenvolve ao longo do tempo?” Argumentou-se que as mudanças no sistema de governança ao longo do desenvolvimento de um PIO colaborativo são provocadas pela incidência de eventos críticos que desestabilizam um ou mais dos parâmetros inter-relacionados desse sistema. Logo que desestabilizado, esse sistema compensa a redução de um ou mais de seus parâmetros através da mobilização da confiança e dos relacionamentos interpessoais. Nesse contexto, o padrão revelado que responde à questão de pesquisa é de que o sistema de governança de um PIO colaborativo mantém seus atores-chave como detentores da efetiva capacidade de especialização, centralização, coordenação e controle do projeto ao longo do tempo. No que tange ao modo de governança, o exercício da governança por uma organização líder de um PIO colaborativo demanda a sincronização de suas atividades com aquelas de competência das organizações líderes regionais do projeto ao longo do tempo. Em adição, a metagovernança de um PIO colaborativo é exercida através da determinação das condições fundamentais do projeto e da influência sobre as reconfigurações do sistema de governança ao longo do tempo. Principais contribuições teóricas: as distintas percepções de valor dos parceiros de um PIO colaborativo geram diferentes rendas relacionais para cada parceiro ao longo do tempo, e que cada parceiro exibe distintas percepções de valor que variam ao longo do projeto. Também, que o design de um PIO colaborativo efetivo para a geração de rendas relacionais deve ser desenvolvido a partir da articulação das condições fundamentais, iniciativas de criação de valor e sistema de governança.