Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Martini, Felipe Gue |
Orientador(a): |
Maldonado Gómez de la Torre, Alberto Efendy |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
|
Departamento: |
Escola da Indústria Criativa
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/7111
|
Resumo: |
A tese apresenta como eixo relações entre produção, veiculação e consumo de musicalidades realizadas de modo artesanal, individual e caseiro, veiculadas em portais da internet, principalmente bandcamp, em diálogo com o gênero musical indie rock. Nesse contexto, o recorte específico é mapear produções realizadas por sujeitos que vivem nas cidades de Porto Alegre e Montevidéu, na expectativa de aproximação comparativa, não exaustiva, em torno da noção de estética platina (relativa aos países situados em torno do rio da Prata). A tese propõe nexos entre as músicas dos territórios através da noção de escuta poética, sem recorrer aos gêneros musicais ou a movimentos culturais estabelecidos, a fim de criar arranjo inédito, em torno de compositores e suas produções, narrando uma estética platina pelas bordas. Essa escuta tem relação com regimes de audibilidade contemporâneos marcados pela fragmentação, precariedade, composição, decomposição, recomposição, sampler, montagem, gambiarra e baixa definição. É da escuta do pesquisador, situada nesse tempo, que surgem os diálogos musicais entre Porto Alegre, Montevidéu, com alguns contrapontos em Barcelona. A escuta, enquanto produção sociocultural histórica, é epistemologia, objeto e técnica de pesquisa, amparada nas teorias de Schaeffer (CHION, 1999) e Szendy (2003). Escutar-se escutar e escutar os sujeitos se escutarem é o procedimento metodológico base, amparado na observação participante (GUBER, 2004) e na estética de Walter Benjamin (1994; 2010) lida por Susan Buck-Morss (1981; 1995; 1996), onde a montagem como método e as imagens dialéticas permitem relativizar o caráter interpretativo etnográfico. A análise é baseada nas teorias da mediação de Martín-Barbero (2004) e seu mapa noturno, através das instâncias mediadoras da institucionalidade, ritualidade, socialidade e tecnicidade. Mediações observadas em pesquisa de campo, nas cidades de Porto Alegre, Montevidéu, Rocha e Barcelona, com seis compositores e duas compositoras, que foram entrevistados. Além dessa descrição, o trabalho apresenta uma tese sonora, composta por seis músicas dialéticas, materialização das escutas poéticas. Diálogo entre ciência e arte, que parte da poética, de Bachelard (1971; 1966; 1994) e das noções de sentido e presença, de Gumbrecht (2010) e cotidiano e capitalismo, de Lefebvre (1991), radicalizado pelos princípios epistemológicos da transmetodologia (MALDONADO, 2008; 2013; 2014). Os resultados são apresentados no relatório e nas musicalidades dialéticas. Na parte escrita, entre contextos de campo e potencialidades da aproximação poética, se destacam contradições impostas pelos novos regimes de audibilidade, que desafiam músicos a produzir de modo sustentável, em cenários de desmaterialização do suporte musical e de apropriação das sucatas como modos de vida musicais. Surgem táticas de música ecológica, como em Joseph Ibrahim, práticas caseiras exaustivas e profícuas como as de Saskia e Nosso Querido Figueiredo, além das tímidas e cosmológicas leituras da música como harmonia universal, de Darvin Elisondo. Impõe-se um questionamento: como os músicos reinventam valores de uso e de troca frente à popularização da montagem de registros musicais como ética ordinária? As músicas dialéticas são apreensões poéticas do campo, que remontam a vivências conceituais do pesquisador desempenhando sua escuta como arranjo. Não são teleológicas ou pedagógicas, mas abertas à indeterminação dos regimes de audibilidade dos ouvintes, enquanto leitores. |