Fragilidades nas interações entre aves e plantas em áreas prioritárias para a conservação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SILVA, Leonardo Barbosa da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Biologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Ave
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/9708
Resumo: A dispersão de sementes é um processo fundamental para o ciclo de vida das plantas. As angiospermas desenvolveram diferentes estratégias para garantir o deslocamento dos seus diásporos. Nas florestas topicais, a dispersão é realizada principalmente através de interações com diferentes grupos de animais. As aves representam um dos mais importantes. Entretanto, o cenário atual (Antropoceno) é caracterizado por um intenso desmatamento e defaunação, e as interações ecológicas estão entre as mais frágeis. Um grande esforço vem sendo empreendido para compreender os aspectos relacionados à perda destas interações. Dentro deste contexto, o objetivo geral da tese foi investigar os fatores que colocam em risco os processos de dispersão de sementes por aves em duas áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade (hotspots). Inicialmente, avaliamos a influência da fragmentação ambiental, através do acompanhamento das interações em dois estados de conservação do Cerrado (stricto sensu): uma área fragmentada e uma área contínua (conservada). Em seguida, avaliamos como a relação morfológica entre a capacidade de ingestão (largura de bico) das aves dispersoras e o tamanho dos diásporos ornitocóricos (frutos e sementes com atributos atrativos às aves) pode direcionar os processos de dispersão em um fragmento de Mata Atlântica. Interpretamos esses resultados à luz das métricas utilizadas na construção de redes de interações e através de observações empíricas das interações. Verificamos que no Cerrado, a fragmentação ambiental influencia negativamente na diversidade da guilda de aves dispersoras e nas comunidades vegetais, além de provocar a homogeneização funcional, direcionando a predominância de interações entre aves generalistas e plantas com diásporos pequenos (≤ 10 mm). Nossos resultados também demonstram que em fragmentos florestais a correlação entre o tamanho dos diásporos e a largura de bico das aves atua como um filtro no processo de dispersão. Observamos que a resiliência dispersiva é menor nas interações envolvendo diásporos maiores (≥ 15 mm). Também trazemos um interessante estudo de caso, onde a incompatibilidade morfológica entre a largura do bico de Hemithraupis guira (Thraupidae) e o tamanho das sementes de Cupania oblongifolia (Sapindaceae), parece atuar como uma pressão (a nível individual), favorecendo o desenvolvimento de traços comportamentais para otimizar o forrageamento. Por fim, trazemos um artigo de divulgação científica, onde apresentamos em uma linguagem acessível ao público em geral o tema da tese e parte dos resultados encontrados nos capítulos anteriores. Em geral, nossos resultados demonstram que os impactos antrópicos afetam a estrutura e a organização das redes de interações aves-diásporos. A dependência mútua das espécies envolvidas se torna um grande desafio para a conservação das interações.