Má adaptação em sistemas médicos locais baseados em plantas : processos que favorecem o estabelecimento de tratamentos ineficientes em populações humanas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: NASCIMENTO, André Luiz Borba do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Biologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Botânica
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7267
Resumo: A presente tese tem como objetivo entender os mecanismos que são permissivos ao aparecimento e estabelecimento de traços culturais mal adaptados em sistemas médicos locais. Nesse sentido, duas linhas de investigação foram adotadas: 1) avaliação temporal do compartilhamento do conhecimento sobre plantas medicinais que não apresentam efeito farmacológico; 2) investigação dos mecanismos que facilitam o uso em consórcio de plantas e medicamentos alopáticos. Os dados foram coletados por entrevistas realizadas no ano de 2007 e 2016 na comunidade rural do Carão localizada no Nordeste do Brasil. A identificação de efeito farmacológico foi feita através de uma revisão sistemática. Os dados foram analisados usando modelos longitudinais lineares multinível e regressões logísticas multinível. Encontramos que tratamentos associados a plantas versáteis tendem a se estabelecer no sistema médico local, ainda que não apresentem efetividade biológica. Isto pode indicar que plantas versáteis possuem um “status” local de efetividade que leva as pessoas a confiarem, no seu efeito enviesando a cópia dessa informação. Sobre essa perspectiva, generalizações podem estar levando as pessoas a copiarem tratamentos ineficientes ligados a plantas versáteis. Quanto a frequência das doenças, percebemos que tratamentos ligados a doenças frequentes tendem a ser mais compartilhados ao longo do tempo, provavelmente devido a necessidade de se curar esses problemas de saúde, o que promove maior número de eventos de cópia. Além disso, a sobreposição de uso com medicamentos alopáticos explica o maior compartilhamento de tratamentos não eficientes, evidenciando que o uso simultâneo de alopáticos e plantas medicinais permita o estabelecimento de traços mal adaptados por ocultar a ineficiência da planta. Por fim, percebe-se que o uso em consórcio de plantas medicinais e medicamentos alopáticos ocorre em partes sensíveis do sistema médico, no caso de tratamentos de doenças crônicas, severas e frequentes. Evidenciando que essa combinação de usos é motivada pela necessidade de se assegurar a cura de doenças importantes. Contudo, o uso em consórcio promove o estabelecimento de traços culturais mal adaptados por dificulta o reconhecimento da real causa da cura.