Caça e comércio ilegal de animais silvestres no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Eduardo Silva de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Biologia
Brasil
UFRPE
Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/8373
Resumo: A exploração dos recursos faunísticos através da caça e do comércio legal e ilegal é uma realidade em várias partes do mundo. Este estudo vem somar-se às recentes pesquisas sobre atividades cinegéticas no Brasil e, em particular, na região Nordeste, a partir de uma abordagem etnozoológica com os habitantes da região semiárida do estado Rio Grande do Norte. Vale salientar que muitos dos atores sociais envolvidos na estrutura social do tráfico de animais silvestres estão em situação de vulnerabilidade social, e, desta forma, são facilmente convencidos a participarem do sistema, pois, além de caçarem para se alimentar, descobriram no comércio da fauna uma fonte de renda complementar para a economia doméstica. O estudo foi realizado, em áreas de caatinga, sendo uma comunidade rural no município de Riachuelo e duas comunidades urbanas, uma inserida no município de Bento Fernandes e a outra no município de Pedra Preta, localizadas no estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil. Foram realizadas entrevistas com questionários semiestruturados com caçadores locais e, paralelamente, foram monitorados 32 caçadores durante 15 meses, entre setembro de 2016 e março de 2018, objetivando monitorar as jornadas de caça. Foram obtidos também os dados relativos a entrada e saída dos animais silvestres entre os anos de 2005 e 2016 no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS/RN). Análises estatísticas, ecológicas e de geoprocessamento, foram realizadas com os dados coletados. De forma geral, foi constatado que a maioria dos animais enviados para o CETAS/RN eram aves, predominantemente de origem local, mas, com representantes de todas as regiões brasileiras, evidenciando um tráfico nacional da fauna silvestre. Constatou-se também que a soltura foi a principal destinação dos animais apreendidos em ações de fiscalização. Contudo, foi possível observar que existe uma sobreposição entre as áreas de caça e de soltura de fauna e que as atividades cinegéticas ainda são uma forte realidade nas áreas estudadas. Desta forma, apesar das ações de soltura de fauna visarem a devolução de espécimes à natureza, a pressão de caça ainda é expressiva nestas áreas, evidenciando que estas ações não estão conseguindo atingir os objetivos propostos. Observou-se também a dinâmica do comércio ilegal de animais silvestres na região, caracterizado, em sua maioria, pela venda direta dos produtos da caça para os consumidores finais. Os dados sugerem que o fomento a atividade pesqueira poderia ser uma alternativa para obtenção de proteína animal, reduzindo assim, o impacto das atividades cinegéticas na fauna silvestre local. Por último, estudos que investiguem as relações entre as áreas de caça e soltura de fauna silvestre ainda são incipientes na caatinga, merecendo maior atenção por parte dos centros de pesquisas e dos órgãos públicos de fiscalização e manejo da fauna.