Violência incontornável, ou sobre a vontade de matar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Galeano, Giovana Barbieri
Orientador(a): Guareschi, Neuza Maria de Fátima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/251678
Resumo: Esta tese teve como objetivo o enfrentamento da branquitude, identidade racial branca que, em uma sociedade organizada pelo racismo, produz lugares de privilégio nas relações de poder e, neste trabalho, foi tomada como o elemento que articula a violência incontornável e a vontade de matar no âmbito das práticas de segurança brasileiras. O problema de pesquisa que orientou meu percurso de pensamento foi: Como as lógicas da branquitude produzem qualificações das vidas no que diz respeito à manutenção da violência letal enquanto estratégia de combate ao crime e garantia da segurança no Brasil? As modulações dessa pergunta carregaram o interesse em analisar os regimes de verdade que permitem empreender uma ontologia do presente e dos processos de subjetivação a partir de três principais incomodamentos: Por que é que se mata tanto? Como se constitui e mantém a eficácia da letalidade? Como é que a gente torna algo dizível? O caminho metodológico demandado pelo campo problemático da pesquisa se constituiu pela inspiração em duas principais formas de produção de conhecimento: a primeira diz respeito à noção benjaminiana de cronista da vida cotidiana que toma os acontecimentos sem distinguir entre os grandes e os pequenos; a segunda se refere ao empreendimento foucaultiano de análise das relações de saber e poder cujas estratégias produzem gestão da vida e da morte. Assim, tomei, enquanto ferramentas metodológicas, os fragmentos do cotidiano, isto é, as materialidades e os acontecimentos, transformando-os em cenas que compuseram a análise e exigiram a produção de sensibilidades situadas e o tensionamento do campo epistemológico. A sensibilidade não é um sentimento individual, mas uma prática política, ética e epistemologicamente fundamental que, para fazer o vínculo entre o cronista e a conjuntura de governo das existências, demanda a localização do presente histórico e das geografias do poder em funcionamento no Sul Global. Não há hierarquia com relação às materialidades analisadas aqui e a conjuntura produzida por elas constitui o que denomino de narrativas da/sobre a violência. Diante das análises empreendidas, defendo a tese de que, no Brasil, opera-se uma violência incontornável que se sustenta, historicamente, nas lógicas da branquitude produzindo espaços de vulnerabilidade, criminalidade e matabilidade, expondo o modo como as hierarquizações e qualificações da vida funcionam. Nessa conjuntura, argumento que branquitude e seus privilégios fazem o vínculo entre a incontornabilidade da violência e a vontade de matar enquanto regime de verdade que constitui corpos aletúrgicos no âmbito das práticas de segurança.