Luta de mulheres sem-terra pelo reconhecimento e soberania e segurança alimentar e nutricional : imagens de um cotidiano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Almeida, Luymara Pereira Bezerra de
Orientador(a): Ruiz, Eliziane Nicolodi Francescato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/242036
Resumo: As mulheres estão presentes desde a escolha das sementes, cultivo e preparo dos alimentos e sua aquisição, influenciando na produção de uma alimentação adequada para si e sua família. O desempenho dessas atividades é essencial na promoção da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) de toda a população. No entanto, a atuação das mulheres nas atividades voltadas à alimentação e o trabalho de cuidados, nas diferentes classes socais, são constantemente invisibilizadas e desvalorizadas pela sociedade. Ao tratar dos povos do campo, as situações de vulnerabilidade, insegurança alimentar e falta de autonomia para cultivar e acessar a terra e os alimentos tornam-se um agravante na qualidade de vida das mulheres, pois, a escassez de recursos afeta diretamente as atividades que executam. Essas situações podem interferir nas relações sociais entre os indivíduos, Estado e na autorrelação das mulheres em torno da alimentação, podendo fortalecer ou comprometer a SSAN. Assim, objetivou-se apreender o papel das mulheres residentes no Acampamento Emiliano Zapata, no Município de Sousa/PB, em relação à Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional de suas famílias. O estudo foi realizado durante os meses de fevereiro a setembro de 2018, e as informações foram geradas com o auxílio do Fotovoz como técnica principal da pesquisa, e para compor o referencial teórico e a análise desses resultados, utilizou-se a Teoria do Reconhecimento, de Axel Honneth. Do encontro com as informações, constatou-se a SSAN como sendo algodistante para as mulheres do local. Sem os meios necessários para acessar a terra, manter uma alimentação adequada e efetuar o trabalho de cuidados, as mulheres convivem com a injustiça, falta de dignidade e afeto, produzindo sofrimento e distanciamento de suas relações com a sociedade e a alimentação. O reconhecimento do seu papel na alimentação aparece, na dimensão do afeto, nas relações de reciprocidade entre as mulheres, mas ausenta-se na esfera familiar. O reconhecimento na dimensão jurídica só se apresenta no direito à aposentadoria de algumas agricultoras, sendo os demais direitos sociais esquecidos, deixando-as em situações de vulnerabilidade e violação de direitos, principalmente o direito à alimentação. O reconhecimento pela solidariedade aparece como o único a se fortalecer pelas redes de cooperação e assistência que os próprios moradores construíram diante das dificuldades que enfrentam. O reconhecimento, em suas três esferas, e a valorização do trabalho efetuado pelas mulheres em torno da alimentação demonstra-se tarefa indispensável na construção de uma sociedade livre de opressões e saudável, promotora de SSAN para estas e suas famílias.