Geologia, mineralogia e química mineral do depósito intermediate sulfidation Santa Maria, Minas do Camaquã - RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Julio Cesar Silva dos
Orientador(a): Gomes, Marcia Elisa Boscato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/265906
Resumo: Discussões sobre classificação e contexto genético das mineralizações de metais base do distrito Minas do Camaquã são objeto de debate extenso na literatura. O distrito é composto por duas minas de cobre exauridas (Uruguai e São Luís) além de três depósitos de Pb-Zn, agrupados sob o nome de Jazida Santa Maria. O endownment combinado do distrito é de 513.4Kt Pb, 275,3Kt Zn, 193.7 Kt Cu, 883 t Ag e 4,5t Au. O presente trabalho foca na jazida de Pb-Zn-Cu-Ag (Au) Santa Maria, através de extenso levantamento de superfície e testemunhos de sondagem para mapeamento dos principais controles da mineralização, como alteração hidrotermal, estruturas e controles estratigráficos ou litológicos, além de detalhamento por estudos de petrografia, MEV e química mineral. Trabalhos prévios reportam forte componente magmático, com mistura de fluidos meteóricos para as mineralizações do distrito, tanto por isótopos como por inclusões fluidas, apesar da ausência de conexão obvia com magmatismo ou vulcanismo. As seqüências paragenéticas indicam estado de sulfetação intermediário com galena, esfalerita de baixo Fe e calcopirita, associadas à alteração filica que grada externamente para argílica intermediária, ambas afetadas por propilitização sutil nos estágios finais do processo mineralizante. As mineralizações IS epitermais estão encaixadas em rochas sedimentares siliciclásticas da bacia strike-slip Camaquã, de contexto pós-colisional, relacionada ao estágio de amalgamação do Gondwana. Uma perspectiva integrada do processo de mineralização em escala de distrito é proposta com base em resultados presentes e anteriores. Os fluidos hidrotermais compartilham trajetória evolutiva, com a geração de seqüências paragenéticas distintas devido a variações de T, fugacidade de H+ e S2 gás, entre a zona central representada pelas minas Uruguai e São Luís e a zona periférica do sistema epitermal representado pelo depósito Santa Maria. O estágio inicial de alteração hidrolítica gera um extenso halo argílico intermediário pervasivo no depósito de Santa Maria, com strike superior a 3 km, representado pela dissolução de limonita e calcita diagenéticas e também pela alteração moderada de feldspatos detríticos em ilita + Ca-Fe carbonatos + pirita. A ausência de cimentos diagenéticos e a conversão da associação detrítica em caulinita são relatadas nas minas de cobre e podem indicar a presença de halo argílico avançado no estágio precoce de alteração hidrotermal no centro do distrito. A zona argílica intermediária grada internamente para a zona filílica, representada por mineralização stockwork com disseminações restritas à vizinhança dos veios. No depósito Santa Maria a zona fílica é representada por muscovita + fengita + ilita + quartzo + apatita + carbonatos concomitantes à deposição de galena + esfalerita com baixo conteúdo de ferro e % FeS mol entre 0,12 e 1,2%. Calcita placóide ocorre comumente associada à mineralização venular. Nas minas de Uruguai e São Luís, o estágio fílico é inferido a partir da descrição de muscovita + quartzo + pirita, com predomínio de calcopirita como fase de sulfeto econômico. O estágio de mineralização principal do distrito ocorre em condições de estado de sulfetação intermediária. A presença de um estágio de migração da zona do cobre para a periferia do sistema é representada pela substituição de galena e esfalerita por calcopirita, e estas por bornita + pirita, com destruição parcial dos corpos de Pb-Zn na zona inferior da Santa Maria. Nas minas de cobre, os trabalhos prévios indicam que a calcopirita é substituída pela bornita, e esta por digenita e covelita. A migração da zona de cobre também indica flutuação no estado de sulfetação dos fluidos para alto e muito alto nas zonas externa e interna do distrito, respectivamente. Calcocita (+/- acantita) ocorre como última fase de mineralização de metais base, em substituição às fases de sulfeto anteriores em todos os corpos do distrito, e indica um retorno ao estado intermediário de sulfetação, próximo ao limite com o campo de baixa sulfeteção. A alteração propilítica acompanha parcialmente a etapa de migração da zona do cobre. O estágio propilítico é incipiente no JSM, marcado por clorita + pirita, além de veios de hematia +/- pirita (Au) e barita +/- carbonato que truncam todo o distrito, em distribuição mais ampla do que o envelope das mineralizações conhecidas. A sequência paragenética do depósito de Santa Maria em diagrama logƒS2 - 1000 / T, mimetiza a de depósitos IS de ambiente cálcio-alcalino conectados espacialmente às mineralizações do tipo Cu-porfírio, embora essa relação na região ainda não tenha sido encontrada. Os depósitos IS de ambientes pós-colisionais são escassos na literatura e recebem pouca atenção em estratégias de exploração mineral. O presente estudo pretende contribuir com o esforço recente de sistematização de informações sobre IS através de detalhamento geológico em um dos poucos exemplos mundiais desse tipo de depósito descrito no limite ediacarano-cambriano. O potencial para novas descobertas de depósitos IS na área permanece amplamente aberto, uma vez que o distrito aflora em uma janela estrutural da sequência não mineralizada do Grupo Guaritas, esta cobertura de uma vasta região sem exploração sistemática para mineralizações cegas. Adicionalmente, a possibilidade de conexão entre os depósitos epitermais das Minas do Camaquã e mineralizações tipo Cu-porfírio colisional permanece inconclusa.