Vivência de traumas na infância e estigma e o impacto de eventos traumáticos na concentração sérica de citocinas inflamatórias em indivíduos portadores de disforia de gênero (DSM-5)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Real, André Gonzales
Orientador(a): Lobato, Maria Inês Rodrigues
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/199087
Resumo: A Disforia de Gênero (DG) vem sendo cada vez mais estudada nos últimos anos. Esta condição é caracterizada por acentuada incongruência entre o gênero vivenciado e o sexo de nascimento. A DG é uma condição rara, cuja prevalência ainda não está bem definida, sendo estimada de 1:20.000 (ou 0,005%) a 1:10.000 (ou 0.014%) para mulheres transexuais e de 1: 50.000 (ou 0,002%) a 1: 33.333 (ou 0,003%) para homens transexuais. Indivíduos com DG estão com frequência expostos a rejeição, agressão e outras formas de expressão hostil devido a sua identidade de gênero, além de apresentarem altos índices de maus-tratos na infância. Ambas situações colocam indivíduos com DG em maior risco para psicopatologia, o que é observado em diversos estudos. Os poucos estudos que avaliam biomarcadores na população com DG, até o momento, abordam BDNF. BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor) ou Fator Neurotrófico derivado do Cérebro é uma neurotrofina e está relacionada à plasticidade sináptica, à neurogênese, à sobrevivência neuronal e à maturação normal das vias neuronais. O estresse crônico, através da redução do BDNF, leva à supressão da neurogênese. Já se observou que, quando comparados com indivíduos sem DG, indivíduos com DG apresentam níveis mais baixos de BDNF. Citocinas são reguladores do nosso sistema imune. Tanto a exposição crônica quanto aguda a citocinas, pode levar a alterações de neurotransmissores no SNC que podem mimetizar quadros depressivos. Citocinas, como IL1β, IL-6, IL-10 e TNF-α, quando estão em níveis anormais, tem sido associadas a diversos transtornos psiquiátricos, como Transtornos de Humor e de Ansiedade. Ainda não existem estudos que avaliem estes marcadores inflamatórios em indíviduos com DG. O presente estudo buscou comparar exposição a traumas na infância e situações de discriminação entre mulheres transexuais e homens. Da mesma forma, buscou-se comparar os níveis séricos de IL1β, IL-6, IL-10 e TNF-α entre os grupos, em vistas de buscar evidências biológicas para a maior prevalência de psicopatologia em indivíduos com DG, além da exposição à discriminação e preconceito. Verificamos que mulheres transexuais estão mais expostas a maus-tratos na infância do que homens (p = .046), assim como vivenciam mais situações de discriminação do que homens (p = .002). Da mesma forma, mulheres transexuais também apresentam maiores índices de pensamento (p <.001) e tentativa suicida (p = .001) do que homens. No entanto, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos nos níveis séricos das citocinas avaliadas. Nosso estudo conclui que indivíduos com DG sofrem discriminação da infância a vida adulta, o que os colocam em maior risco para apresentar comportamento suicida e outras psicopatologias. Igualmente, sugere-se que a DG, isoladamente, não é um fator que influencie diretamente em marcadores inflamatórios.