A Covid-19 em idosos institucionalizados e o diferenças clínicas e funcionais entre não-sobreviventes e sobreviventes e o impacto de 12 semanas de treinamento multicomponente na capacidade funcional após o período de isolamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Frigotto, Michele Fernandes
Orientador(a): Dias, Caroline Pietta
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/246164
Resumo: INTRODUÇÃO: A COVID-19 é causada a partir da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 e se disseminou mundialmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o isolamento quando suspeita e/ou confirmação de contaminação. A população idosa é considerada população de risco, pois está mais propensa a desenvolver a forma grave da COVID-19, o que pode levar a morte. De acordo com os órgãos de saúde, idosos institucionalizados são considerados como população de alto risco e de alta vulnerabilidade. A institucionalização pode contribuir para um estilo de vida mais sedentário o que favorece para o declínio da capacidade funcional dos residentes. Especialmente para idosos institucionalizados, o isolamento ou a hospitalização aumentam a inatividade física e podem resultar em perdas funcionais severas, contribuindo para o risco de quedas e a mortalidade. No que diz respeito aos efeitos da contaminação por COVID-19 ainda não sabemos quais serão as consequências fisiológicas causadas por esse vírus, mas é importante e urgente desenvolvermos estratégias efetivas para restaurar as perdas causadas pelo período de isolamento e tratamento da COVID-19. Assim, programas de exercícios físicos são recomendados para que se restaure a capacidade funcional de idosos institucionalizados, incluindo sobreviventes da COVID-19. O programa de treinamento multicomponente vivifrail é referência internacional em intervenções hospitalares e comunitária. OBJETIVO: Observar o impacto da quarentena em idosos sobreviventes a COVID-19 e investigar os efeitos de 12 semanas de treinamento multicomponente sobre parâmetros funcionais em idosos institucionalizados incluindo os sobreviventes da COVID-19. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal observacional (i) e experimental do tipo ensaio clínico randomizado (ii). A amostra foi composta por idosos residentes de uma Instituição de Longa Permanência de Caxias do Sul-RS que foi alvo de um surto de COVID-19. RESULTADOS: Participaram do estudo i: vinte e um idosos (81,0 ± 9,3 anos) para responder as seguintes perguntas: (a) qual o impacto da quarentena sobre as variáveis de capacidade funcional (CF): velocidade de marcha (VM), teste de sentar e levantar de uma cadeira por 30s (TSL) e força de preensão manual (FPM). Para isso comparamos os dados prévios de CF do grupo sobrevivente com os dados pósperíodo de isolamento. O período de isolamento resultou em um declínio na variação da média, mas somente o TSL apresentou diferença entre os momentos pré e pós- 7 isolamento (p=0,046). Para responder a pergunta: (b) quais variáveis tem maior associação com a mortalidade nesta população, foram comparados os dados prévios de CF e sarcopenia dos idosos que foram a óbito (n=9) vs os sobreviventes (n=12). Quanto à classificação de sarcopenia, essa não diferiu significativamente entre os grupos. Em relação às variáveis de CF somente o TSL apresentou diferença estatística (p=0,026). No estudo ii foram incluídos vinte e cinco idosos institucionalizados incluindo os sobreviventes da COVID-19, porém todos os idosos passaram pelo período de isolamento (48%) ou quarentena (52%). A média de idade da amostra foi de 77,3 ± 9,9 anos; 15 mulheres e 10 homens, destes 60% frágil (n=15) e 40% Pré-Frágil (n=10). Para uma primeira análise os idosos foram randomizados em dois grupos: grupo treinamento (GT) e o grupo controle (GC). Os idosos do GT foram submetidos à 12 semanas do treinamento multicomponente Vivifrail, três vezes na semana, enquanto o GC permaneceu com o atendimento de fisioterapia tradicional. A cada seis semanas [basal (M1), após seis semanas (M2) e ao final do treinamento (M3)], foram realizadas medidas de capacidade funcional [teste de sentar e levantar de 30” (TSL30), força de preensão manual (FPM), timed up and go (TUG) e velocidade de marcha (VM)], a fim de investigar os efeitos do treinamento multicomponente entre os grupos e os momentos. Ao final observamos uma interação entre o tempo e grupo na VM (p<0,05) e no TSL (p<0,05); uma diminuição significativa no GC do M2 para o M3 (p<0,05) na VM, enquanto nenhuma diferença ao longo do tempo foi observada no GT. No entanto no TSL30 o GT aumentou significativamente à quantidade de repetições durante o tempo do M1 para o M2 (p<0,05), sem diferença em nenhum outro momento do GT e do GT vs GC. A FPM em ambos os grupos apresentou efeito significativo do tempo (p<0,02) diminuindo as médias ao longo do mesmo em ambos os grupos, sem diferença estatística entre os momentos no GT e GC. Por fim, para o TUG não foi observado efeito do tempo (p=0,434) nem interação entre tempo e grupo (p=0,18) em ambos os grupos. Para investigar se o fato de ter positivado para COVID-19 interfere na melhora da CF foi feita uma na amostra do GT dividindo em dois subgrupos: idosos com testagem positiva para COVID-19 (Positivo; n=8) e idosos com testagem negativa para COVID-19 (Negativo; n=6). O fato de ter positivado ou não para COVID-19 não interferiu na obtenção de melhoras por meio do treinamento. As variáveis, FPM (p=0,845), VM (p=0,415) TUG (p=0,208) não tiveram interação significativa entre grupo e tempo, assim com não tiveram diferença significativa nos 8 momentos MEEM (p=0,406), FPM (p=0,511), VM (p=0,752), TSL (p=0,255) e TUG (p=0,292). CONCLUSÃO: O baixo desempenho funcional assim como a presença de sarcopenia em idosos institucionalizados parece não ter influência na mortalidade por COVID-19, assim como o período de isolamento por COVID-19 tem efeito deletério na capacidade funcional dos idosos sobreviventes ressaltando a importância para a aplicação de intervenções efetivas para restaurar suas condições funcionais. O treinamento multicomponente em idosos institucionalizados parece ser uma boa estratégia para a manutenção da capacidade funcional atenuando as perdas associadas com a imobilidade e o passar do tempo, porém ter sido contaminado por COVID-19 parece não ter influencia sobre os benefícios do treinamento.