Desenvolvimentismo militar no Piauí : a Usina de boa esperança e a integração econômica nacional nos sertões nordestinos entre 1970-1990

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lima, Marconis Fernandes
Orientador(a): Bauer, Caroline Silveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/271998
Resumo: Este trabalho analisa as condições de implantação e os impactos socioeconômicos diversos da constituição da rede elétrica no estado do Piauí nas décadas de 1970 e 1980, até o ano de 1990, tendo como polo gerador e irradiador dessa infraestrutura elétrica geral a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, inaugurada no Piauí no ano de 1970. O texto é ancorado na análise e na reflexão sobre as políticas intervencionistas implementadas pelos governos da ditadura militar no Brasil ao longo das décadas de 1970 e 1980, que tiveram uma forte tendência desenvolvimentista e, assim como em alguns governos anteriores, concentraram suas intervenções em grandes projetos de infraestrutura, dentre os quais se destacaram os investimentos em hidrelétricas e estadas. Nessa perspectiva, são apresentados alguns conceitos fundamentais para entendermos as orientações político-econômicas desse período, especialmente os conceitos de desenvolvimentismo e da diretriz Segurança e Desenvolvimento que foi estabelecida pelos governos durante a ditadura militar. É nesse contexto que identificamos a efetiva integração do mercado nacional brasileiro à medida que se hegemonizavam algumas grandes empresas privadas nacionais e estrangeiras, destacadamente as de bens semiduráveis, como eletroeletrônicos, as automobilísticas e as grandes construtoras, dentre outras. Essas empresas estenderam seu alcance aos mercados consumidores mais distantes e consolidaram o domínio econômico produtivo dos grandes centros da região Centro-Sul do país, dentro do quadro geral de constituição do capitalismo nacional associado ou dependente brasileiro. Ao mesmo tempo, o texto pontua como se deu a penetração dessa política de intervenção desenvolvimentista dos governos ditatoriais militares nos interiores do Brasil, com destaque para a atuação no Nordeste – especialmente a ação federal no Piauí, com o estabelecimento da Usina Hidrelétrica de Boa Esperança e sua infraestrutura de geração e distribuição elétrica. A usina trouxe impactos para a urbanização do Piauí e, portanto, para a superação de sua condição predominantemente rural, constituindo-se desde então o desenho econômico produtivo do estado, com a predominância absoluta dos setores comercial e de serviços públicos associada ao detrimento do setor industrial local, que permanece incipiente. Acrescentam-se algumas reflexões críticas acerca das limitações e incompletudes dessa política intervencionista no Piauí. A pela Usina de Boa Esperança, apesar de ter se definido como a mais marcante obra de infraestrutura do estado e ter promovido um salto considerável de desenvolvimento local, não pôde, de forma isolada, resolver os muitos atrasos históricos crônicos que permaneceram no quadro socioeconômico piauiense.