Drosófilas, Antropoceno e pesquisa genética : uma etnografia em um laboratório universitário de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Thomaz, Nikolas Rublescki
Orientador(a): Segata, Jean
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/281457
Resumo: A partir de um trabalho etnográfico transcorrido no Laboratório de Drosophila da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a relação entre cientistas e drosófilas (moscas-das-frutas) são estudadas à luz do Antropoceno. O objetivo geral da pesquisa é investigar os processos sociais que perpassam e se entrelaçam ao fazer científico do Laboratório. Frente a este, estabelecem-se como objetivos específicos: (i) analisar as dinâmicas interacionais entre os agentes (humanos e/ou não-humanos) do Laboratório em contextos diversos; (ii) analisar os modos através dos quais o Laboratório se situa no Antropoceno, enquanto um espaço ao mesmo tempo construtor de narrativas e afetado pelas consequências das mudanças ambientais; e (iii) investigar como se dão as práticas de pesquisa genética no Laboratório e o papel das moscas-das-frutas neste contexto. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, na qual foi empregada como técnica de campo a observação participante. Ainda, foram considerados como fontes de dados registros produzidos pelos membros do Laboratório, como fotografias e materiais escritos. No Capítulo 1 é discutido que, em um plano simbólico, as drosófilas são utilizadas pelos cientistas como expoente para a criação de um sentimento de pertencimento a uma linhagem histórica que os diferencia de outros grupos de pesquisadores. A partir dessa constatação, propõe-se considerar as drosófilas como um totem em um chamado “totemismo científico”. No Capítulo 2, a pandemia de Covid-19 assume um papel central na discussão, uma vez que se trata do maior evento médico-sócio-ambiental da história recente do Antropoceno. Os impactos do isolamento social na produção científica do Laboratório e na vida pessoal dos cientistas, as quais se misturam em diversos momentos, são considerados a partir de duas perspectivas: (i) o aumento da importância do digital nas pesquisas científicas; e (ii) a desestruturação de uma rede de cuidado e ajuda que é estabelecida a partir do convívio diário no Laboratório. Por fim, no Capítulo 3, as drosófilas são pensadas enquanto espécies companheiras que navegam o Antropoceno juntamente com os cientistas que interagem diariamente com elas. Ao separar os termos ‘drosófila’ e ‘moscas-das-frutas’ como unidades culturais construídas por grupos e discursos distintos, o discurso científico sobre as drosófilas é analisado como um construtor de narrativas sobre o Antropoceno. A partir dele, conclui-se que as drosófilas são objetos complexos e instáveis que transitam entre categorias distintas dentro da crise animalitária do Antropoceno.