Ensino de 2º grau noturno : o aluno e a escola

• Ano de defesa: 1984
• Autor(a) principal: Bortoli, Maria Conceição
• Orientador(a): Luce, Maria Beatriz
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Ensino noturno; Ensino profissionalizante; Ensino de segundo grau; Aluno; Escola; Rio Grande do Sul
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/271196

O presente trabalho constitui o relatório da investigação que teve como objetivo constatar a realidade do ensino de 2º grau noturno que diz respeito à sua adequação ou não às características, necessidades e aspirações de seu aluno, visando oferecer aos órgãos responsáveis pelo Sistema de Ensino e aos profissionais que desempenham suas funções nesse tipo de escola, elementos para o planejamento de um processo educacional mais efetivo. Integram este estudo, uma revisão de literatura, bastante restrita no que se refere ao problema específico, ou seja, ensino noturno de 2º grau, uma análise de dados secundários colhidos junto à Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e uma pesquisa de campo, realizada através de amostragem de dez escolas de Porto Alegre. Da pesquisa de campo participaram 305 respondentes, integrantes de três tipos distintos: alunos (262), professores (33) e diretores (10) de escolas com 2º grau noturno. O principal instrumento utilizado para a coleta de dados foi de tipo questionário, elaborado, testado e aplicado pela investigadora, para cada um dos três tipos de respondentes acima especificados, abrangendo os segmentos mais significativos da dinâmica escolar. Importantes dados foram também obtidos através de entrevistas, observações e depoimentos de alunos, professores e diretores.A análise feita a partir dos dados levantados, permite extrapolar os objetivos deste estudo e vislumbrar a necessidade de se desencadear uma série de outros estudos e providências que levam alternativas de solução para os problemas evidenciados ou implícitos, o que concorrerá, sem dúvida, para o aperfeiçoamento, não só de 2º grau noturno, mas dos diversos níveis e modalidades de ensino. Os resultados a que se chegou indicam a necessidade de adequar o ensino de 2º grau noturno ao seu aluno, uma vez que o que está sendo oferecido não corresponde ao que ele espera e precisa, para desenvolver-se como pessoa e como profissional. Credita-se mais valor curricular aos aspectos legais que aos alunos. Esses não encontram na escola de 2º grau noturno, nem uma educação geral, sólida, que lhes permita disputar uma vaga no concurso vestibular, aspiração da grande maioria, nem a instrumentalização para seu desempenho profissional, pois busca com o estudo um meio de promoção social. As habilidades de ensino de 2º grau, oferecidas à noite, não são adequadas aos interesses dos alunos e sim condicionadas às circunstâncias físicas, materiais, financeiras e dos recursos humanos disponíveis. O aluno seleciona a escola que deseja frequentar, muito mais pela sua localização do que pelas habilitações que a mesma oferece. A estrutura organizacional da escola nesse turno, igualmente, deixa muito a desejar, oferecendo parcialmente os serviços e instituições que a escola dispõe, pela carência de professores e especialistas, disponíveis a atuar no noturno. As classes são numerosas e heterogêneas. A heterogeneidade é consequência das características diversificadas dos alunos que frequentam o noturno. A metodologia de ensino restringe-se, de um modo geral, a aulas expositivas, com um professor cansado para alunos cansados. Em decorrência disso e aliado a outros fatores, de origens diversas, tais como falta de pré-requisitos, a impontualidade e frequência, o rendimento escolar é baixo. Percebe-se ainda um preconceito generalizado com relação ao ensino noturno, que gera de parte de todos, professores, especialistas e do próprio aluno, a descrença nos resultados que podem ser alcançados. Este trabalho apresenta em seu final, além de uma série de conclusões, recomendações que podem oportunizar ao aluno de 2º grau, noturno especialmente, foco central deste estudo, um ensino mais adequado à sua realidade.