Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Nascimento, Sabrina Nunes do |
Orientador(a): |
Garcia, Solange Cristina |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/188746
|
Resumo: |
Nas últimas décadas, tem ocorrido, em todo o mundo, uma maior preocupação em relação ao aumento na incidência de doenças infantis antes consideradas raras, como câncer, diabetes, desordens neurocomportamentais e desregulação endócrina. Concomitantemente, há um maior reconhecimento de que agentes químicos podem estar envolvidos na fisiopatologia dessas doenças. No ambiente rural, além dos próprios agricultores, as crianças também se encontram expostas a diversos xenobióticos provenientes das atividades agrícolas, incluindo agrotóxicos, metais, nicotina e solventes. Nesta linha, o presente estudo avaliou a exposição ambiental de crianças, filhas de agricultores da região central do RS, em períodos diferentes do ano, através da quantificação de biomarcadores de exposição a metais, agrotóxicos, nicotina e solventes, biomarcadores de dano oxidativo e renal, bem como dosagens hormonais e bioquímicas. Também, possíveis alterações na tireoide foram avaliadas através de exame ultrassonográfico da glândula. No capítulo I, níveis aumentados de cromo (Cr) no sangue, cotinina urinária e microalbuminúria foram encontrados nas crianças em um período de início da aplicação de agrotóxicos, bem como observou-se aumento nos biomarcadores de dano oxidativo malondialdeído (MDA) e proteínas carboniladas (PCO), em relação ao período de colheita do tabaco. Os biomarcadores de exposição (Cr e cotinina) foram associados ao aumento do dano oxidativo. Adicionalmente, os níveis aumentados de Cr foram associados com diminuição de linfócitos e aumento de basófilos. No capítulo II, observamos que alguns metais, especialmente o manganês (Mn) e Cr, apresentavam níveis cronicamente aumentados nas crianças, uma vez que estes estavam acima dos valores de referência recomentados, tanto no sangue quanto no cabelo, nos períodos de baixa e alta exposição aos agrotóxicos. Ambos os metais foram associados a alterações nos níveis circulantes de hormônios tireoidianos (HT), sugerindo possível efeito de desregulação endócrina sobre a glândula tireoide. Os níveis de Mn no cabelo foram, também, associados ao aumento da prolactina sérica nos dois períodos estudados, sugerindo possível efeito adverso dopaminérgico do metal. Outros metais, como arsênio (As) e níquel (Ni) apresentaram níveis elevados no sangue e cabelo no período de alta exposição a agrotóxicos em comparação ao período de baixa exposição. Além do Cr e Mn, 15 chumbo (Pb) e mercúrio (Hg) parecem ter influência sobre os níveis de HT, estando associados ao aumento de hormônio estimulante da tireoide (TSH) e dimuinição do hormônio tiroxina (T4) livre. Adicionalmente, inibição da enzima butirilcolinesterase (BuChE) sérica foi observada no período de alta exposição aos agrotóxicos em relação ao período de baixa exposição, sugerindo exposição aos inseticidas inibidores da colinesterase. Em relação aos parâmetros bioquímicos avaliados, níveis de glicemia de jejum foram significativamente aumentados no período de alta exposição aos agrotóxicos e foram inversamente associados com a atividade da BuChE, indicando um possível efeito adverso dos inseticidas inibidores da colinesterase sobre a homeostase da glicose. As crianças também apresentaram perfil lipídico aumentado nos dois períodos estudados. Portanto, nossos dados, tomados em conjunto, sugerem que crianças residentes no meio rural, são ambientalmente expostas a diferentes xenobióticos, podendo apresentar alterações hematológicas, alterações dos hormônios tireoidianos, dano lipídico, proteico e renal. Tais alterações possivelmente estão relacionadas à co-exposição a diferentes xenobióticos envolvidos nas práticas agrícolas, especialmente metais, agrotóxicos e nicotina. Nossos resultados mostram que, de fato, os xenobióticos ambientais representam fortes determinantes de saúde infantil, podendo estar envolvidos no desenvolvimento de alterações fisiopatológicas e doenças como diabetes, câncer, desordens neurológicas, entre outras. |