Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Spader, Adriana Rosa |
Orientador(a): |
Pires, Fabiana Schneider |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/237444
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Resumo: |
A partir da descentralização do tratamento do HIV para a atenção primária em 2014, as unidades de saúde tiveram que redesenhar seu processo de trabalho e olhar de forma integral para esses usuários antes tratados em serviços especializados. Porto Alegre em 2019 apresentou taxa de detecção para o HIV seis vezes maior que a taxa nacional e quase duas vezes a taxa do RS, atingindo 17,6 casos/ mil nascidos vivos. O coeficiente de mortalidade por AIDS neste mesmo ano foi de 22,0 óbitos/100 mil hab, cinco vezes superior ao coeficiente nacional. O objetivo do estudo foi compreender o viver com HIV e o cuidado em saúde de mulheres vivendo com HIV, bem como identificar o cuidado em saúde de mulheres vivendo com HIV, conhecer potencialidades e desafios no cuidado em saúde de mulheres vivendo com HIV e compreender os efeitos sobre o viver com HIV no cotidiano de mulheres que vivem com HIV e a rede de atenção no município de Porto Alegre/RS. Ao compreender este viver com HIV e seus efeitos, a rede de atenção em saúde pode reorganizar processos de trabalho para construir percursos de cuidado com as usuárias, ampliando a abordagem interprofissional e intersetorial do cuidado em saúde e qualificar o processo de trabalho das equipes de saúde. Esta é a principal justificativa deste estudo, unindo-se à perspectiva de construção de produtos inovadores para a saúde de mulheres vivendo com HIV, tanto no singular itinerário quanto na perspectiva coletiva da produção de cuidado nas redes de atenção à saúde. O estudo foi de caráter exploratório descritivo, tipo estudo de caso e o instrumento utilizado foi a construção do mapa corporal narrado (body map storytelling). Participaram do estudo quatro mulheres com diagnóstico confirmado de HIV, vinculadas à Unidade Chácara da Fumaça (Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS). análise das narrativas e dos mapas se deu a partir da Análise de Discurso (AD) em três fases: a pré análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Os mapas corporais construídos resgataram marcas intensas, muitas vezes adormecidas no inconsciente, e que expressaram o caminhar, o lutar e o viver dessas mulheres. Os mapas corporais e as narrativas permitiram ressaltar um universo povoado por estigma, preconceito, medos e inseguranças, ao mesmo tempo que descortinaram uma existência apoiada nas relações familiares, na religiosidade e nos afetos tingidos, muitas vezes, pela culpa e por ressentimentos. Além disso, trabalhar com as equipes de saúde com a temática HIV/AIDS buscando a qualificação dos processos de trabalho e mitigando problemas de acesso a esses usuários foi um desacomodar-se e despir-se de preconceitos dentro dos espaços de cuidado. Viver com HIV e ser mulher em uma sociedade reprodutora de desigualdades sociais e violência de gênero é com certeza desafiador. Faz-se necessário que as políticas públicas e serviços de saúde se conectem com esses usuários de forma mais intensa e olhem para suas necessidades, de forma a compreender este emaranhado de sentimentos e necessidades e, assim, permitindo novos olhares para o cuidado em saúde de mulheres vivendo com HIV. É imperativo que os profissionais e os serviços de saúde aceitem o desafio de se redesenhar itinerários de cuidado, singularizando as abordagens e aproximando as usuárias aos serviços de saúde, por meio de atitudes de vínculo e acolhimento, de forma a ultrapassar os protocolares encaminhamentos em saúde, redimensionando a rede de cuidados e criando oportunidade de um cuidado centrado nas pessoas e não na doença. |