A experiência de mulheres que escolheram não ter filhos : um estudo a partir de relatos de mídias digitais e de entrevistas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ribeiro, Laura Moraes
Orientador(a): Lopes, Rita de Cassia Sobreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/288197
Resumo: Por mais que a compreensão de maternidade seja decorrente de diferentes construções sociohistóricas e culturais ao longo do tempo, permanece nos dias de hoje uma visão hegemônica de maternidade, construída mais recentemente nas sociedades pré-industriais e industriais, em que esta é colocada como central na constituição feminina. Apesar dessa suposta centralidade, cresce o número de mulheres que postergam a maternidade ou optam por não ter filhos. Diante disso, esta tese se propôs a tencionar essa visão hegemônica da centralidade da maternidade, ao buscar escutar as experiências de diferentes mulheres que escolheram não ter filhos. Foram realizados quatro estudos que se propuseram a compreender este fenômeno a partir de diferentes metodologias. O primeiro estudo, “A experiência de mulheres que escolheram não ter filhos: uma revisão de estudos empíricos”, consistiu em uma revisão de estudos empíricos nacionais e internacionais, publicados nos últimos dez anos, envolvendo a experiência de mulheres que escolheram não ter filhos Este estudo permitiu evidenciar a escassez de pesquisas sobre este fenômeno, no contexto nacional e internacional, o que justifica a realização dos estudos empíricos que foram propostos para essa tese. Foram identificadas algumas dimensões da experiência: motivações, processo de decisão e repercussões vivenciadas, as quais serviram como modelo para a análise dos estudos empíricos da tese. O segundo estudo, intitulado “A experiência de mulheres que escolheram não ter filhos: a perspectiva de youtubers”, almejou a compreensão do fenômeno a partir das mídias digitais, dispositivo cada vez mais usado para fins de pesquisa. Foi realizada uma análise de vídeos disponíveis no YouTube, em que mulheres que não querem ter filhos relatam suas experiências, a partir das dimensões identificadas no estudo 1, acrescidas de algumas particularidades da experiência que se destacaram com o uso desse dispositivo, como a atuação militante destas mulheres em prol da valorização e defesa de suas escolhas reprodutivas. Já o terceiro e quarto estudos decorrem de uma análise de entrevistas semiestruturadas, em que mulheres que não querem ter filhos relataram suas experiências. A metodologia qualitativa proposta para esses dois estudos teve a escuta como um dispositivo de pesquisa privilegiado, especialmente por abordarmos a dimensão da experiência, valorizando os relatos das mulheres, a partir de uma lente feminista e interseccional. O terceiro estudo, intitulado “Experiências de mulheres que escolheram não ter filhos: escuta a partir de entrevistas”, contou com relatos de dez mulheres que escolheram não ter filhos, que foram analisados com base em três dimensões da experiência dessas mulheres, identificadas no estudo 1, de revisão de estudos empíricos: motivações, processo de decisão e repercussões da decisão nos diversos relacionamentos que vivenciam. Já o quarto estudo foi composto por cinco participantes que são ativistas do movimento childfree. Este é intitulado “Perspectivas ativistas childfree de mulheres que escolheram não ter filhos” e teve por objetivo compreender as experiências e perspectivas ativistas childfree de mulheres que escolheram não ter filhos. Este estudo demonstrou a percepção destas mulheres em relação às suas experiências de ativismo em suas diferentes modalidades, sejam estas online ou off-line e individual ou coletiva. Portanto, estes estudos têm proposto um novo ângulo sobre a experiência de não ter filhos, compreendendo-a a partir de suas diferentes dimensões: a experiência, o processo de decisão e as suas repercussões. Estas dimensões relevam a experiência enquanto um fenômeno multifacetado, complexo e contextual.