Serviços ambientais hídricos da arenização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Caneppele, Jean Carlo Gessi
Orientador(a): Verdum, Roberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/263711
Resumo: A arenização consiste em um processo natural que pode ser intensificado pelo inadequado manejo da terra, dando origem às feições erosivas de areais, ravinas e voçorocas. Dentro deste contexto, o processo foi e é visto como um problema ambiental, a tal ponto que as políticas públicas foram e, até hoje, são voltadas ao seu combate. Contudo, o Grupo de Pesquisas em Arenização/Desertificação: questões ambientais, UFRGS/CNPq, contrapõe essas concepções e práticas, demonstrando, ao longo de mais 35 anos de pesquisa, que a arenização é um processo único, um ecossistema com fauna e flora características associadas a esta, devendo o processo natural ser valorizado e não combatido, uma vez que é um prestador de serviços ambientais. Nesse sentido, destaca-se a relação locacional que a arenização possui com as áreas de recarga do Sistema Aquífero Guarani (SAG), funcionando como pontos de infiltração, filtragem e recarga no sudoeste do Rio Grande do Sul, prestando um importante serviço ambiental hídrico. Sendo assim, o objetivo do trabalho consistiu em valorar estes serviços, utilizando para isso a metodologia TEEB (The Economics of Ecosystems and. Biodiversity), que consiste em calcular os custos necessários para a substituição do serviço por tecnologia. Para isso, foram identificados os serviços ambientais hídricos de favorecimento da infiltração, da recarga do aquífero e da filtragem de água, através da identificação de que a condutividade hidráulica nos areais é muito rápida e do mapeamento da favorabilidade da recarga, que cruzou as informações do meio que a favorecem e como estas estão relacionadas às feições erosivas, ressaltando que os areais, as ravinas e os ravinamentos foram caracterizados como pontos de recarga, enquanto as voçorocas como pontos de descarga. Dentro deste contexto, foi mapeada uma área de 4.884,28 ha de areais, além de 1.330,95 ha de ravinas e ravinamentos e 333,45 ha de voçorocas, bem como foram mapeadas três classes de favorabilidade à recarga nas áreas suscetíveis a arenização, sendo 40,06% classificadas como de muito alta favorabilidade, 23,44 % como de alta favorabilidade e 36,60% como de baixa favorabilidade. Nesse sentido, identificou-se que 54,7% dos focos de arenização se encontram nas áreas definidas como de muito alta favorabilidade de recarga e 22,9% como de alta favorabilidade. Além disso, foi estimada uma recarga de 14,37% da precipitação nas áreas suscetíveis à arenização, que variam de 1.400 mm a 1.900 mm/ano. Por fim, foi levantado o custo com tratamento de água de R$ 0,85202/l. Estes dados serviram de base para valorar os serviços ambientais hídricos da arenização em R$ 8,3 milhões/ano, considerando a precipitação anual de 1.400mm e R$ 11,3 milhões/ano para uma precipitação de 1.900mm, através da multiplicação da área de arenização que recarrega, pelo valor estimado de recarga e pelo custo de tratamento. Estes valores demonstram a importância da preservação e da conservação da arenização, em função dos serviços ambientais prestados, destacando ainda, que outros serviços podem ser valorados, quando associados à biodiversidade e à beleza cênica da paisagem dos areais. Além disso, essa valoração traz subsídios para que possam ser traçadas e elaboradas políticas públicas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), promovendo acesso à renda aos produtores rurais, sobretudo os pequenos, que auxiliarem na proteção dos areais e dos elementos da natureza que os compõem.