Imagens a partir da vida danificada : cinema em ensaios constelares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Fagundes, Adriano Bier
Orientador(a): Palombini, Analice de Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/55424
Resumo: O presente trabalho consiste na investigação da idéia de “vida danificada” a partir de sua potencial expressão no campo do cinema. Vida danificada – beschädigten Leben – é um termo empregado por Adorno no subtítulo de uma de suas mais importantes obras, Minima Moralia, escrita nos anos 40, ainda antes do término da Guerra, e publicada em 1951. Nela, o autor, um dos representantes da Escola de Frankfurt, oferece um olhar preciso, ao mesmo tempo que assustador, sobre as diversas facetas de nossa cultura e sobre os mecanismos que levaram nossa sociedade a chegar ao estágio que chegou durante o período sombrio da escrita do livro. A idéia de vida danificada não cabe na categoria de conceito, e em nenhum momento Adorno refere-se a ela para delinear uma definição precisa. Simultaneamente, ele lança mão de imagens, cenas e outros tipos de expressões, no labirinto do pensamento, para fazer o texto operar suas idéias da forma mais esteticamente adequada e verdadeira possível. O objetivo do trabalho que se apresenta aqui é justamente, seguindo a esteira do pensamento de autores como Adorno e Benjamin, explorar a idéia de vida danificada, procurando compreender que relação isso tem com a forma como vivemos na contemporaneidade, perante as urgências de nosso tempo e as demandas da cultura. Para tanto, o cinema foi tomado como ferramenta, como lugar possível de encontro com as imagens que surgem a partir da vida danificada. Após uma longa etapa meditativa, onde foram observados centenas de filmes, três foram escolhidos, com o intuito de que se pudesse tecer comentários pertinentes ao cerne da pesquisa: “O Eclipse” [L’Eclisse] (1962), de Michelangelo Antonioni; “O Desprezo” [Le Mépris], de Jean-Luc Godard (1963); e “Um Homem Sério” [A Serious Man], de Joel e Ethan Coen (2009). Cada um dos três filmes foi tomado na sua singularidade e, a partir deles, foram compostos três ensaios, respectivamente, onde foi possível explorar questões de importância ética e estética, tanto imanentes aos filmes, quanto em relação ao conjunto das obras de seus respectivos autores. A opção pelo ensaio enquanto política de apresentação justifica-se pelo fato de ele constituir-se como gênero de escrita consoante com os propósitos desta pesquisa. O ensaio é um texto que se admite como inconcluso, fruto do esforço de lançar-se rumo a um país estrangeiro de idéias, em movimento de errância. A noção de constelação, que Benjamin empregará com destaque no prefácio epistemológico-crítico de “Origem do Drama Barroco Alemão”, também permeia este estudo, funcionando como pressuposto metodológico, produzindo a força de aproximar, pela escrita ensaística, idéias que habitam a mesma órbita. Dessa forma, temas discutidos ao longo do trabalho, como errância, mal, pensamento, incomunicabilidade, expressão, tradução e nostalgia, auxiliam a compor o que se acredita ser ao menos a centelha de imagens desenhadas a partir da vida danificada.