O processo de alfabetização e o folclore infantil : o caso de três alfabetizadoras de uma escola municipal de Campina Grande, PB

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1992
Autor(a) principal: Rocha, Silvia Roberta da Mota
Orientador(a): Silva Triviños, Augusto Nibaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/262205
Resumo: Tivemos como objetivos identificar os fundamentos teórico metodológicos que orientam as práticas alfabetizadoras e compreender quais são e como os rituais constituintes do folclore infanil se apresentam no processo de ensino aprendizagem, realizado na escola. Partimos de uma escola municipal, situada na periferia da cidade de Campina Grande PB, no bairro da Ramadinha I, centralizando nossa atenção em três (03) professoras e seus respectivos alunos, num total de setenta e sete (77) alunos, além de sete (07) pais desses alunos. Realizamos com todos eles, entrevistas e observações semi estruturadas, tendo como recursos gravações e filmagens. Dentre os resultados a que chegamos, podemos ciar os seguintes: Os fundamentos teórico metodológicos das professoras apoiaram se nas tendências empíricas, construtivistas e/ou histórico sociais. As concepções construtivistas e histórico sociais predominaram nas práticas das professor as NL e SL. Esses fundamentos manifestaram-se no processo de alfabetização, através das seguintes categorias centrais: as condições materiais e ambientais da sala de aula, as intervenções didático-pedagógicas, o tratamento das variantes dialetais, as atividades gráficas e as funções da leitura e da escrita na escola. Interferiram na determinação desses fundamentos teóricos não só as concepções epistemológicas das professoras, como também a ideologia, a história de vida e a formação profissional. O processo de (des)enraizamento de geração a geração (onde a televisão aparece como instrumento enraizador do migrante na cidade); do bairro à escola (onde ocorre a isenção e a transposição dos conhecimentos infantis, na e para a escola); e no interior da própria escola (onde aparecem os jogos escolares de aprender em detrimento daqueles específicos do cotidiano das criança, ou a retomada destes últimos de forma periférica ao processo de alfabetização) revelou a trajetória do folclore infantil percorrida do contexto do bairro, ao contexto da escola. As representações das professoras sobre o folclore infantil incluem as seguintes posturas docentes: o tratamento do lúdico na alfabetização com o acolhimento à parte dos rituais; o tratamento desapercebido e empobrecedor dos rituais; e a postura conciliadora do folclore com a alfabetização, como busca de se evitarem as rupturas anteriormente existentes entre as horas de aprender e as de brincar. O espaço social, o tipo de ritual e o momento em que este era proposto pelas crianças, ou pelas professoras no quadro geral das atividades escolares, orientam essas posturas. As professoras que seguiam, predominantemente, os pressupostos das concepções construtivista e/ou histórico-social tinham uma postura mais conceiliadora entre o folclore infantil e o processo de alfabetização. Essa conciliação, especialmente da leitura e da escrita com o folclore, dava-se de forma mais tranquila no pátio da escola, onde acontecia o entrelaçamento entre os sujeitos epistêmico e histórico. Essa conciliação em outros espaços sociais, na sala de aula por exemplo, demandava das professoras o trabalho com as representações dos constituintes das escola sobre o que é o ensino, aprendizagem, escola. Representações sustentadas pela noção de tempo capitalista, onde o lazer é tido como tempo perdido e o trabalho como tempo útil. O lugar da festa na escola foi atribuído pelas educadoras, a partir da elaboração de planejamentos, onde a comemoração (festa) constitui o ápice do processo de ensino-aprendizagem, além de funcionar como "prestação de contas" à comunidade. A festa de São João foi abordada em seu aspecto religioso, e especialmente em sua vivência pelas crianças, no bairro, negligenciando se sua característica de festa da colheia e sua trajetória nos espaços rural e urbano. Deixou se de lado, portanto, a discussão sobre a simbologia de alguns passos da quadrilha, como por exemplo: "o passeio da roça", enquanto referência à visitação do camponês, sobre "o casamento do matuto" enquanto um ritual próprio do homem do campo, sobre a figura do "milho", produto do plantio desse mesmo homem. Reconhecemos, ainda, a pertinência do folclore infantil no processo alfabetizador o que nos leva à recomendação de pesquisas sobre a temática e de sua inclusão na formação de professores, através da aproximação nesse processo e de outras áreas de conhecimeno como a sociologia e a antropologia. Além dessas enfocadas, outras iniciativas poderão contribuir para o aperfeiçoamento da formação docente, tais como: a me lhoria de salários, das condições físicas e ambientais da escola, o assessoramento pedagógico, a criança de bibliotecas, a possibilidades de assinaturas de revistas.