Carreira de comissárias e comissários de voo : gênero, masculinidades e feminilidades a bordo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fraga, Aline Mendonça
Orientador(a): Rocha-de-Oliveira, Sidinei
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/203696
Resumo: Carreiras compõem espaços históricos, dinâmicos e em processo de mudanças, assim como gênero. Dessa forma, a aproximação de ambos os campos permite múltiplas discussões. Com esse propósito, alia-se a abordagem teórico-empírica do interacionismo simbólico, a partir de Everett Hughes, com a teoria de gênero desenvolvida por Raewyn Connel. Considera-se a pluralidade de vivências de carreiras em interlocução com estudos de gênero, masculinidades e feminilidades, estabelecendo-se como objetivo geral desta tese compreender a construção de carreira na perspectiva de gênero e suas intersecções com outros marcadores sociais de diferença. Utiliza-se como campo de análise a carreira de comissárias e comissários de voo vivenciadas pela produção de gênero, masculinidades e feminilidades. A tese defendida é de que as carreiras, que fazem referência à dimensão passada, presente e futura de contextos individuais e coletivos, são inevitavelmente marcadas por gênero e se entrelaçam com outros marcadores sociais de diferença. Os movimentos articulados em contextos e espaços generificados expandem e limitam mobilidades profissionais, ao mesmo tempo em que produzem projetos de gênero emoldurados por masculinidades e feminilidades, negociadas e vivenciadas em metamorfoses. Considera-se que o estudo da carreira de comissárias e comissários oportuniza avanço teórico e alinha-se com gênero em perspectiva interseccional, tendo em vista o histórico da aviação e o estereótipo produzido e reproduzido de forma binária e heteronormativa. Para ancorar essa construção, a tese está dividida em quatro capítulos, em formato de artigos, além da trajetória epistemológica e metodológica da pesquisa(dora), introdu(imagina)ção, introdução e considerações finais. O primeiro capítulo objetiva mapear a produção científica em carreira e gênero, de 1945 a 2017, indexada na base de dados Web of Science (WoS). Apresenta o cenário da produção (estado da arte), aponta para as discussões que ampliam o entendimento de gênero, revelada pelas mudanças, a incipiência dos estudos brasileiros e da área de Administração e a hierarquia do Norte global na produção de conhecimento, denunciando a colonialidade das pesquisas de gênero. O segundo artigo argumenta teoricamente sobre os limites da mobilidade para mulheres em razão de fronteiras que engendram pontos de imobilidade, ancorados por relações socioculturais, políticas, organizacionais e biológicas. As dinâmicas de mobilidade direcionam as mulheres para labirintos que tensionam os limites das fronteiras móveis. O terceiro artigo discute a carreira genuinamente móvel e tradicionalmente feminina de comissárias e comissários de voo, ao analisar o(s) projeto(s) de gênero que emoldura(m) a profissão. A construção profissional em projeto(s) de gênero se dá em processo(s) de padronização generificada ou generificação padronizada que se inicia nos cursos de formação de comissárias e comissários e passa por negociações e metamorfoses. Por fim, o quarto artigo analisa as intersecções das (i)mobilidades de classe social, gênero e sexualidade na carreira de homens comissários de voo. A construção de diferentes formas de mobilidade dentro da aviação, ligadas a marcadores sociais de diferença e as relações entre as intersecções da mobilidade social, geográfica, de gênero e de sexualidade são destacadas. As interrelações entre essas mobilidades evidenciam a relevância da interseccionalidade na pesquisa em relações de trabalho e gestão de pessoas para vislumbrar a produção de diferença em grupos sociais que atuam em um mesmo campo profissional. As contribuições do conjunto de artigos, respondem ao objetivo geral e aos específicos, trazendo aportes à teoria que se intercruzam. De tal modo, a interdisciplinaridade proposta, por meio da aliança dos estudos de gênero com o olhar sociológico de interacionistas e demais autoras/es inspiradas/os por essa corrente, mostra-se potencial e corrobora avanços para o campo teórico. A multiplicidade de questões, conceitos e contradições que emergem na pesquisa com gênero é um dos principais limitadores e concomitantemente é uma fronteira aberta para a pluralidade de discussões.