Contextos licenciadores de sujeito nulo em podcasts

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Macedo, Luiz Filipe Oliveira de
Orientador(a): Othero, Gabriel de Ávila
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/278604
Resumo: De uma língua caracterizada como pro-drop, o português brasileiro tem, com o passar dos anos, demonstrado uma mudança de comportamento preferindo o preenchimento do sujeito. Estudos sobre o tema sugerem que está havendo uma alteração progressiva no padrão de preenchimento do sujeito, mais precisamente e mais evidentemente a partir do século XIX (cf. Duarte, 1993, entre outros). Resta, então, compreender o que favorece que esses casos residuais de sujeito nulo ainda aconteçam na língua. O presente estudo investiga o fenômeno do sujeito nulo em PB a partir de duas questões: i) que fatores gramaticais favorecem a utilização de sujeito nulo pelo falante de PB?; ii) os fatores investigados em Ayres (2021) – a saber: morfologia verbal (Duarte, 1993, 1995), padrão linear *V1 (Kato, 2000), gênero semântico (Creus; Menuzzi, 2004) e conexão discursiva ótima (Paredes Silva, 2003) – são suficientes para justificar todos os dados de sujeitos nulos encontrados em um corpus de língua falada do PB?. Portanto, os objetivos desse trabalho são: i) analisar as ocorrências de sujeito nulo a partir dos quatro fatores acima mencionados e ii) verificar se há um fator que possa descrever os casos de sujeito nulo em PB de maneira plena ou se a explicação para esses casos só pode surgir a partir da combinação entre esses fatores. Para isso, foi criado um corpus ainda inédito nesse tipo de investigação, a partir da transcrição e da análise de seis episódios de podcasts, gênero comum e popular nos dias de hoje, sendo dois episódios de cada canal diferente. A partir de 1.738 contextos de sujeito, verificamos que 70,65% correspondem a posições preenchidas e apenas 29,35% correspondem a posições vazias. Esse resultado vai ao encontro de pesquisas que mostram que a língua vem cada vez menos licenciando contextos nulos. Para os 510 casos de sujeito nulo encontrados no corpus, a análise individual dos fatores apontou que o gênero semântico é o fator mais relevante para explicar os casos de sujeitos nulos em PB, chegando a 75,9% dos casos explicados. Ao combinarmos os fatores, seja em duplas, trios ou quarteto, a combinação que explica de maneira mais satisfatória os dados (96,7%) é a união entre todos os quatro fatores. Contudo, a análise de um subgrupo que desconsidera primeira e segunda pessoa devido ao envolvimento do gênero semântico especificamente, em um total de 287 ocorrências, mostra que é possível explicarmos 99,7% dos dados a partir da combinação do trio que envolve padrão linear *V1, conexão discursiva ótima e gênero semântico. Os poucos casos que não são explicados pelos fatores licenciadores nas duas análises (sobre 510 e sobre 287 ocorrências), na verdade, são explicados por fatores externos, podendo ser suprimidos graças ao contexto ativado pelo ambiente comunicativo. Constatamos, com esse estudo, que cerca de 99,7% dos dados analisados podem ser explicados por pelo menos um dos fatores citados por Ayres (2021), atingindo plenamente o objetivo da investigação em um novo corpus de gênero oral.