A prática docente de educação de jovens e adultos no sistema prisional : um estudo da psicodinâmica do trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Bessil, Marcela Haupt
Orientador(a): Merlo, Alvaro Roberto Crespo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/151399
Resumo: Esta pesquisa propõe-se a investigar a temática referente à prática docente de Educação de Jovens e Adultos no sistema prisional, especificamente relacionada às vivencias de prazer e sofrimento na execução do trabalho. No atual momento brasileiro, muito tem se falado nos objetivos e funcionamento do sistema prisional, lembrando que o Brasil possui uma das maiores populações carcerárias do mundo. Então, os profissionais que atuam junto a essa população experienciam o universo do cárcere. As questões que envolvem a atividade docente nesse contexto têm suas peculiaridades e foi o que esse estudo buscou abordar. Fundamenta-se teórica e metodologicamente na Psicodinâmica do Trabalho. Utilizou-se o método qualitativo, realizando entrevistas individuais, semi-estruturadas com dez professores de Educação de Jovens e Adultos que atuam no sistema prisional. A análise dos resultados foi desenvolvida a partir da Psicodinâmica do Trabalho evidenciando que a organização dos estabelecimentos prisionais interfere diretamente nas atividades desses docentes. As limitações dos recursos materiais e de espaço físico abrem a possibilidade para a criatividade dos docentes. A construção do conhecimento e de novas capacidades daí derivadas são elementos-chave no desenvolvimento de processos de trabalho, em quaisquer de suas características, tempo ou espaço. A relação com o aluno que se encontra cumprindo medida restritiva de liberdade é vivenciada como um momento de prazer do trabalho, pois os docentes encontram o reconhecimento de sua atividade laborativa nesse momento. Contudo, referem sofrer preconceito por parte de colegas que atuam no sistema regular de ensino ou mesmo no sistema prisional, de familiares e da sociedade em geral por exercer seu trabalho nesse contexto, o que gera sofrimento. Mesmo assim, os docentes construíram um espaço para discussões e trocas de experiências semanais, que é chamado de reuniões pedagógicas. Esse espaço de fala acontece dentro de um dos estabelecimentos prisional, onde é a sede do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos do complexo penitenciário estudado. Por isso a necessidade d e reconhecimento da Educação de Jovens e adultos em regime de Privação de Liberdade como um componente da política pública de Educação, conforme é previsto na Constituição Federal e na Lei de Execuções Penais. Pensar o processo de trabalho implica necessariamente uma reflexão sobre limites e possibilidades, mas principalmente sobre responsabilidades diante dessa população privada de liberdade. Sendo assim, percebe-se que o trabalho realizado pelos docentes pode ser um elo de aprendizagem tanto de novos conhecimentos como de novas perspectivas para os que ali se encontram cumprindo pena. Em face dessa clientela específica e com necessidades diferenciadas, o docente de Educação de Jovens e Adultos que atende ás demandas das pessoas privadas de liberdade deve desenvolver suas atividades centradas na necessidade do indivíduo, considerando os aspectos éticos e legais da profissão e levando em consideração as características próprias do Sistema Prisional.