Entre nós : sobre mudar de lugar e produzir diferenças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Marques, Cecília de Castro e
Orientador(a): Palombini, Analice de Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/70045
Resumo: Este trabalho acompanhou os movimentos de usuários de serviços de saúde mental do nosso Sistema Único de Saúde (SUS) em sua relação com grupo heterogêneo de pesquisadores. Estes atores encontraram-se implicados na construção de saber acerca das práticas em Saúde Mental no Brasil, através da participação na investigação multicêntrica “Pesquisa Avaliativa de saúde mental: instrumentos para a qualificação da utilização de psicofármacos e formação de recursos humanos” e, mais adiante, na Aliança Internacional de Pesquisa Universidade Comunidade - ARUCI. O problema investigado é o que as pessoas que padecem de adoecimento mental e recebem ou receberam atendimento em serviços públicos de saúde mental puderam dizer sobre essa experiência durante sua participação em diferentes atividades de pesquisa. O objetivo desta pesquisa é ouvir e tornar audível a voz daqueles que padecem de adoecimento mental hoje e analisar esse material produzido na pesquisa, relacionando-o ao modelo de cuidado que se almeja construir no campo da saúde mental no cenário brasileiro. Buscou-se observar também quais as diferenças produzidas quando os envolvidos na pesquisa experimentaram mudar de lugar para co-construir saber. Traçou-se assim uma cartografia da participação dos usuários na pesquisa, tendo seus movimentos como bússola e explicitando as condições metodológicas para a emersão de sua voz. Assim, os temas que foram tomados em análise foram aqueles que persistiram na voz dos usuários e retornaram em diversos momentos da pesquisa. São eles: as relações com o outro (familiares, amigos, profissionais dos serviços, pesquisadores); a importância da participação nas atividades sociais, principalmente no trabalho; a relação com os medicamentos. Narrou-se a experiência de ‘pesquisar com’, mantendo a cronologia dos fatos, mas efetuando retornos e desvios a variados momentos da pesquisa e a análises e interpretações enlaçadas às teorias trazidas. A comunicação entre os usuários e os profissionais das equipes mostrou-se limitada, pois existem assuntos que os usuários têm dificuldade de levar ao diálogo com as equipes, o que resulta em baixo poder decisório dos usuários acerca do rumo de seus tratamentos. As relações com familiares, amigos e profissionais foi colocada como algo decisivo no caminho da melhora, havendo uma grande realização quando é encontrado apoio nas mesmas e também uma grande frustração quando acontece o contrário. A realização de atividades foi valorizada pelos usuários, porém eles alertam sobre a necessidade de não realizá-las apenas no CAPS, mas também em outros dispositivos do território. A dificuldade de acesso ao trabalho foi indicada como um limite ao restabelecimento e um desafio da reabilitação psicossocial. A conversa sobre os medicamentos indicou a defasagem de informações acerca do tema dos usuários e dos profissionais não médicos e suas conseqüências – por um lado a dificuldade dos usuários em saber se a emergência de alguns sentimentos e sensações é relativa à doença, aos efeitos dos medicamentos ou ao jeito de ser da pessoa, por outro lado, desresponsabilização de parte da equipe sobre este aspecto do tratamento que fica relegado ao médico prescritor.