Os espaços pedagógicos de construção de possibilidades na sala de aula : um olhar sobre as micro-interações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Mendes, Tania Maria Scuro
Orientador(a): Axt, Margarete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/256193
Resumo: pesquisa trata da construção de possibilidades em sala de aula, o que implica processos cognitivos, por professorandas-estagiárias (P.E.s) de cursos, em nível de ensino médio, na modalidade Normal. Para tanto, problematizou-se: as professorandas, em situação de estágio, nas suas práticas pedagógicas, abrem espaço para a construção de possibilidades que propiciam construção de conhecimento? O campo empírico da investigação concentrou-se em escolas das redes pública e privada de ensino que oferecem cursos na modalidade Normal e em escolas onde professorandas desenvolveram seus estágios supervisionados nas cidades de Porto Alegre e de Caxias do Sul - RS. Os instrumentos de pesquisa constituíram-se em: planos de aula, através dos quais se analisou a reflexão antecipada da ação; observações de práticas pedagógicas de PE.s.; e entrevistas semi-estruturadas, implicando a meta-reflexão, ou seja, a reflexão da relação planejamento-prática. Um universo de 40 planos de aula, 30 jornadas de aula observadas e 15 entrevistas subsidiaram a pesquisa que objetivou investigar indicadores que sinalizassem, nesses instrumentos, abertura e exploração de espaços nas interrelações pedagógicas para a construção de possíveis por parte de P.E.s e de crianças. A coleta, a análise e o tratamento dos dados seguiram a perspectiva teórica do método clínico piagetiano, adaptado ao estudo em questão. Os resultados permitem situar os pianos de aula elaborados por P.E.s como roteiros normativos e não prospectivos e a sala de aula, constituída em espaço e tempo sociais, como liça de inter(rel)ações, abrindo-se, reiteradamente, via processos "co-operativos", para possibilidades que essas demandam. As possibilidades abertas, no entanto, não são, de modo geral, exploradas pelas P.E.s que, normalmente, acabam não promovendo e até dificultando ações educativas que visem aos desenvolvimentos cognitivos dos alunos. Assim, a diversidade de indicadores aferidos aponta para a não efetiva construção de possibilidades pedagógicas por P.E.s. Estas são, geralmente, orientadas mediante condições compatíveis a pseudo necessidades-impossibilidades construídas ainda ao longo dos cursos de formação, nos quais, pede-se inferir, está presente um paradigma fundado na heterônoma pedagógica e na racionalidade instrumental, baseadas em uma epistemologia empirista, que conferem um estatuto técnico a tal formação e outro básico-rudimentar às séries iniciais do ensino fundamental. Este seria um dos fatores que podem contribuir para a quase ausência de intervenções que impliquem a construção de ambientes pedagógicos significativos em sala de aula, de modo a se propiciar relações de "co-operação" essenciais ao desenvolvimento cognitivo, na medida em que as P.E.s não têm em vista esses processos nelas próprias, o que seria uma condição para que elas o propiciassem a seus alunos. Isso leva a pressupor que um processo contínuo de reconstrução de possibilidades, experimentado durante o processo formativo-profissional, seria fundamental para a constituição de uma educação voltada à transformação do modelo instaurado nesses cursos. A tese consiste, pois, em evidenciar que, de modo geral, as P.E.s de cursos na modalidade Normal não trabalham pedagogicamente, visando à construção de possibilidade e ao desenvolvimento cognitivo de seus alunos, sendo essa circunstância reflexo de espaços restritos para tais construções que, comumente, não são previstos e contemplados nesses cursos de formação. Considerando esse processo argumentativo, traz-se à discussão educacional a possibilidade de que, se o paradigma pedagógico vigente não for transformado, situação similar à encontrada na pesquisa poderá ser verificada nos novos cursos Normais Superiores, cuja legislação foi regulamentada recentemente pelo Conselho Nacional de Educação.