A ideologia do professor estadual do Rio Grande do Sul face aos seus movimentos grevistas de 1979 e de 1980

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1983
Autor(a) principal: Albano, Alzira Fortini
Orientador(a): Fischer, Nilton Bueno
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/242096
Resumo: O objetivo deste estudo e compreender melhor a ideologia da categoria ocupacional do professor estadual nos momentos de conflito grevista de 1979 e 1980. O enfoque metodológico adequado foi do tipo descritivo, exploratório e qualitativo, tendo sido escolhido grupos de professores dentro da cidade de Porto Alegre para a realização de entrevistas abertas. Os grupos acima a que me refiro são: Bases grevistas: 1 - entrevistas feitas em uma escola tida como a mais participativa nas duas greves; 2 - entrevistas feitas em outra escola tida como a menos participativa também nas duas greves, ambas em termos de percentual de adesão de professores por escola, respectivamente 100% e 30% de adesão cada uma; 3 - a SEC. Dissidências: professores que representam três grupos dissidentes ao órgão representativo da categoria estudada - CPERS. Comandos: professores representativo dos dois comandos das greves de 1979 e 1980. O critério adotado, para os grupos 1, 2 e 3, pois que juntos foram as bases grevistas, e o grau de participação e envolvimento nas greves. As bases grevistas contaram com a amostra de 11 professores entrevistados; os comandos com uma amostra de 4 professores entrevistados e as dissidências com 3 professores entrevistados, totalizando a amostra da pesquisa realizada num total de 19 entrevistas abertas. Na busca do desvandamento do imaginário ideológico do professor estudado percebi que há vários níveis de ideologia ou concepção de mundo que vão desde uma consciência fragmentada até uma consciência crítica. A percepção de todos estes níveis de ideologia convivendo ao mesmo tempo em uma mesma categoria social fornece a visualização de um quadro diagragmático² indicador da realidade do imaginário do professor estadual encontrado na atualidade de sua forma de percepção de mundo. Desta maneira identifico a existência de dois grande grupos de professores: professores que possuem uma ideologia coerente com sua prática e professores que não possuem esta coerência, isto ê há desarticulação entre sua forma de pensar e agir. No primeiro grupo estão aqueles professores que têm uma concepção de mundo Igual ou Acrítica em relação à ideologia dominante e também aqueles professores que têm uma concepção de mundo Diferente ou Crítica em relação à ideologia dominante. No segundo grupo a que me refiro acima estão aqueles professores que têm uma teoria ou fundamentação teórica incoerente com sua prática participativa. Identifico este grupo como tendo uma concepção de mundo Mosaica ou Fragmentada, apresentando ora uma ação mais progressista e avançada daquela que seu próprio imaginário ideológico permite, ora uma ação mais retrograda em relação ao seu imaginário ideológico. Nas conclusões deste estudo avanço um pouco os objetivos colocados no início e verso sobre a perspectiva da ideologia do professor no Movimento dos Professores (M.P.). Conforme pude observar a categoria ocupacional com e apesar do quadro de sua ideologia colocado acima começa a adquirir, em um primeiro momento, uma identidade constituída a um nível mais retórico, porém caminhando no sentido de organizar-se sua identidade de categoria social dentro da estrutura social histórica em que se encontra como um todo, e em especial em relação à posição que ocupa na relação entre capital e trabalho. A tendência ou a perspectiva futura da ideologia do professor dependerá, portanto, da forma como o professor ou a categoria orientará a constituição de sua organização na relação concreta entre capital e trabalho como também dependerá do quadro conjuntural que a classe média vier a ocupar na sociedade brasileira. Atualmente a classe media ou pequena burguesia e com ela o professor sofre uma constante oscilação econômica para o lado da classe trabalhadora. Este balanceamento sugere conflitos, mudanças de pensamento e de atitudes que analisadas ao longo deste estudo. A recomendação que faço para futuros trabalhos sobre ideologia de qualquer categoria social é estender este mesmo tipo de pesquisa que fiz para outras áreas ou zonas constitutivas da personalidade dos grupos, categorias ou classes sociais. Sugiro também que este tipo de pesquisa não se limite ao âmbito politico conflitivo, como por exemplo as greves e outros momentos de tensão social, mas a um âmbito do cotidiano do trabalhador, aprofundando outras zonas extremamente importantes e constitutivas do imaginário ideológico deste trabalhador como por exemplo a cultural, a religiosa ou mitológica, a de lazer, a profissional, a psicológica, etc. Em especial para a categoria ocupacional do professor a recomendação que façoé a realização do mesmo tipo de estudo que sugiro acima, porém acrescida de uma pesquisa-ação na área da prãtica pedagõgica do cotidiano deste professor. Não é impossível que se constate que o professor tenha consciência social ou política se sua prática pedagógica e sua metodologia na sala de aula seja autoritária e retrógrada, não estabelecendo uma troca de vida e de conhecimento autêntica e coerente no próprio exercício de seu trabalho dentro de uma perspectiva filosófica de transformação social. Sugiro também pesquisa na área da história dos movimentos reivindicatórios desenvolvidos pela categoria do professor ao longo dos anos integrados à história econômica e política da sociedade brasileira, numa tentativa de resgatar a memória das lutas da categoria. Finalmente, recomendo estudos nao só da história evolutiva do órgão representativo dos professores, o CPERS, como também um estudo sob um ponto de vista político de sua organização, do desenvolvimento dos trabalhos que aciona, da forma de participação da categoria nas decisões da entidade, etc., que precisam ser pensados e repensados para que a categoria venha, através de sua entidade, adquirir uma prática coerente com seus desejos e metas .