Avaliação dos impactos das ondas de calor na saúde e produtividade dos trabalhadores rurais : município de Campo Bom - Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Garcia, Miguel Pocharski
Orientador(a): Verdum, Roberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/259407
Resumo: Este estudo se enquadra na temática de mudanças climáticas, com ênfase em ondas de calor. Diversas pesquisas evidenciaram que esses fenômenos estão mais recorrentes e intensos em várias partes do mundo. Há um forte consenso que indica os trabalhadores rurais como o grupo populacional mais afetado por esse problema, pois executam suas atividades mais expostos ao calor ocupacional. Como desfecho, podem apresentar quadros de estresse térmico ou insolação, o que afeta a saúde e produtividade. Portanto, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar os impactos das ondas de calor na saúde e produtividade dos trabalhadores rurais de Campo Bom/RS. A metodologia teve como base o programa "High Occupational Temperature Health and Productivity Suppression" (HOTHAPS), que dispõe de protocolos de pesquisa desenvolvidos para avaliar o calor ocupacional. Os dados atmosféricos foram obtidos, em maior parte, da estação meteorológica de Campo Bom/RS, gerida pelo Instituto Nacional de Meteorologia. Para identificar as ondas de calor, utilizou-se a técnica de percentil (percentis 90°, 95° e 97,5°). Isso foi feito com base nas temperaturas máximas e mínimas diárias dos últimos 30 anos (1993-2022). A regressão de Poisson foi usada para prever a ocorrência das ondas de calor com o passar dos anos. O nível de exposição foi estimado para janeiro e fevereiro de 2022, através do índice Wet-Bulb Globe Temperature (WBGT). A compatibilidade entre os valores de WBGT e ondas de calor foi avaliada por meio da correlação de Spearman e do teste t de Welch. Também, foram feitas entrevistas com 43 trabalhadores rurais de Campo Bom/RS para aplicar um formulário de pesquisa qualitativo. Como complemento, algumas respostas foram testadas por meio de regressão logística. Sobre os resultados, foram identificadas 32 ondas de calor (90°), 08 (95°) e 04 (97,5°). A regressão de Poisson mostrou que a passagem dos anos aumenta a probabilidade de novas ocorrências em 17,4% para o percentil 95° e em 4,3% para o 90°, o que elevará o número médio anual dos fenômenos no futuro. O WBGT demonstrou que o conforto térmico é pior no turno da tarde, inclusive com valores que ultrapassam os limiares indicados para o trabalho. A correlação entre os valores de WBGT e ondas de calor foi positiva, com Rho de Spearman = 0,72 e p=0,001. O teste t de Welch revelou diferenças significativas nas pontuações médias do WBGT em dias com ondas de calor (M = 28,0, DP = 0,99) e sem elas (M = 24,1, DP = 1,62). Nas entrevistas, 41 trabalhadores (95,34%) destacaram sofrer perda de produtividade e 18 trabalhadores (41,86%) sentiram sintomas de estresse térmico. A regressão logística apontou que o principal fator associado ao estresse térmico foi o nível de esforço aplicado ao trabalho (OR=6,07, IC 95% [1,60, 23,0]), com até seis vezes mais chances de relatar o acometimento. Por fim, concluiu-se que há uma intensificação das ondas de calor em Campo Bom/RS e isso está causando prejuízos diretos aos trabalhadores rurais. A confirmação se deu pelos dados de WBGT, que estiveram por muitas vezes acima dos limites recomendados, e também pelo conjunto de relatos dos entrevistados, que revelou impactos sofridos na saúde e produtividade do trabalho.