Ablação de fibrilação atrial : eficácia entre técnicas com cateter de radiofrequência, repercussões na insuficiência cardíaca e preditores de recorrência do registro SBR-AF

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ternes, Caique Martins Pereira de Moura
Orientador(a): Rohde, Luis Eduardo Paim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/281993
Resumo: Introdução: A fibrilação atrial (FA) é a taquiarritmia sustentada mais prevalente, podendo ser paroxística, persistente, ou persistente de longa duração. O controle de ritmo apresenta melhores resultados clínicos e pode ser realizado com medicamentos de uso contínuo ou por meio de um procedimento eletivo de ablação, que visa isolar as veias pulmonares (VPs) e restabelecer o ritmo sinusal sem a necessidade de medicamentos. Dados sobre a segurança e a eficácia da ablação de FA na América Latina são escassos. Objetivos: Estruturamos um registro multicêntrico prospectivo dedicado a avaliar desfechos relacionados à ablação de FA no Brasil, e realizamos análises sistemáticas dos dados existentes sobre o procedimento na população com insuficiência cardíaca (IC) e nas formas não-paroxísticas de FA. Métodos: O Estudo I é um registro multicêntrico prospectivo que incluiu 1.043 pacientes submetidos à uma primeira ablação de FA no Brasil. O Estudo II é uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados (ECRs) que incluiu 1.055 pacientes com FA e IC, dos quais 50,2% foram submetidos à ablação. O Estudo III é uma revisão sistemática e meta-análise de ECRs que incluiu 1.104 pacientes com FA persistente, submetidos à ablação com isolamento das VPs versus isolamento das VPs associado à ablação da parede posterior do átrio esquerdo. Resultados: O Estudo I demonstrou que, com uma mediana de acompanhamento de 1,4 (1,0 - 3,4) anos, 78,6% dos pacientes permaneceram livres de recorrência de taquiarritmia atrial após a primeira ablação de FA em centros brasileiros. Os preditores independentes de recorrência foram características de pacientes em estágios mais avançados da doença (maiores diâmetros do átrio esquerdo, FA persistente de base e escores EHRA de sintomas de FA avançados). A taxa de complicações foi de 2,1%, e não houve óbito relacionado ao procedimento. O Estudo II demonstrou, nas análises combinadas de 6 ECRs que incluíram pacientes com FA e IC, que os pacientes randomizados para ablação apresentaram menor razão de risco para morte cardiovascular, hospitalização por IC, menor carga de arritmia e melhora na fração de ejeção e na qualidade de vida em comparação ao controle de ritmo com fármacos. Não houve diferença significativa em eventos adversos graves entre os grupos (p=0,14). O Estudo III demonstrou que, em uma análise combinada de 8 ECRs em pacientes com FA persistente, a ablação complementar da parede posterior do átrio esquerdo reduziu a recorrência de taquiarritmias atriais em comparação aos pacientes que receberam apenas o isolamento das VPs. Uma meta-regressão demonstrou que o fator de maior impacto para a recorrência após a ablação foi o tempo de diagnóstico da FA até o procedimento índice (p<0,01). Conclusões: Este registro multicêntrico prospectivo de centros brasileiros demonstrou que a ablação de FA é um procedimento com baixa taxa de complicações e eficácia semelhante à dos ECRs e registros de países de alta renda. Preditores independentes de recorrência são característicos de pacientes em estágios avançados da FA. O maior benefício clínico para o paciente com FA está associado ao controle de ritmo com ablação realizada o mais precocemente possível. O benefício clínico se estende à população com IC concomitante, sem aumento na taxa de eventos adversos graves. Em pacientes com FA não-paroxística, associar a ablação da parede posterior do átrio esquerdo ao isolamento das VPs aumentou a eficácia do procedimento.