Um ato de poder : narrativas das mulheres da química sobre suas experiências

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Nunes, Paula
Orientador(a): Loguercio, Rochele de Quadros
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/170277
Resumo: A presente tese de doutorado foi desenvolvida junto ao Núcleo de Estudos sobre Currículo e Saberes (NECS/UFRGS) inserida no Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde. Nesse trabalho algumas perguntas direcionaram nosso olhar para diferentes lugares e sob diferentes vieses: ―O que define as feminilidades e as masculinidades?, ―Como as questões de gênero marcam nosso papel na sociedade e as possibilidades que teremos?, ―Como o(s) gênero(s) marca(m) uma pessoa?, ―Como lugares de poder são alcançados por mulheres na química?, ―Como se narram essas mulheres?, ―Que papel temos, enquanto educadoras, nessa constituição? E, embora saibamos que esse não é um tema novo, é o seu (re) aparecimento como foco de pesquisa na ciência, no Brasil, que entendemos potente para a problematização dos discursos sobre a mulher e suas possibilidades no mundo do trabalho e, mais especificamente, na pesquisa científica com ênfase na química. Tomamos como técnica de pesquisa a análise de narrativas na perspectiva pós-estruturalista, indicando, primeiro, o universo narrativo da doutoranda enquanto mulher e sobre sua constituição enquanto profissional da química, seja como técnica, seja como docente. Nesse percurso, mapeamos no trajeto os pontos em que as práticas discursivas marcam a identidade de gênero de forma direta Depois, trabalhamos com as narrativas de pesquisadoras em química que conseguiram transpôr o "teto de vidro" para dar-lhes voz sobre as questões da pesquisa. Nesse mapa inicial conseguimos identificar algumas práticas discursivas como: i) a "essencialidade" feminina mantendo-se como a ordem do discurso; ii) a química, embora seja entendida como uma ciência feminina parece só o ser pela maioria numérica do gênero feminino nesse campo; iii) características atribuídas ao masculino nas nossas práticas cotidianas – competitividade, objetividade e racionalidade – ainda são marcas ‗desejáveis e necessárias‘ para a ascensão nessa área de conhecimento; características tidas como femininas como a maternidade e o cuidado com o lar - longe de ser compreendido como uma tarefa igualmente dividida entre todos os que dividem um lar (homens e mulheres) - são entendidas como entraves na profissão, iv) as pesquisadoras têm dificuldade em perceber as dinâmicas de poder enquanto produtoras de formas sujeitos. O que visibilizamos até aqui é que, enfim, as discussões de gênero são tão importantes e imediatas porque elas não são reconhecidas, ainda mais por mulheres da ciência que ocupam lugares de poder. O não reconhecimento impede uma inversão ou desestabilização da ordem discursiva. Por isso, o conceito em que investimos é mais fortemente a ferramenta "saber/poder". Há muito a ser feito para que os discursos sobre as mulheres, especificamente nas ciências, mudem. Entretanto, resistências às imposições do papel do gênero já são percebidas nos espaços de poder da química.