Eles nos deram um rascunho da história, mas nós temos que passar a limpo : letramentos e identidades racializadas na escola e em outros espaços

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Conceição, Janaína Vianna da
Orientador(a): Schlatter, Margarete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/266239
Resumo: Em uma escola pública da periferia de Porto Alegre foi criado em 2017 o coletivo Afroativos, grupo composto por sua idealizadora e por estudantes da escola. Atualmente o coletivo também conta com a presença de outras pessoas mais velhas, como familiares das/dos discentes e outras pessoas da comunidade. O coletivo tem como objetivo a conscientização racial, o empoderamento e a ressignificação de culturas associadas, identificadas e afiliadas à negritude, desenvolvendo ações tanto dentro da escola como em outros espaços em prol da luta antirracista, do fortalecimento e da autoestima de crianças e adolescentes negras/os. Através de uma etnografia realizada com o coletivo Afroativos durante parte do mês de setembro de 2019, o presente trabalho visa a investigar as participações sociais das/dos integrantes do grupo em eventos de letramento atrelados a identidades étnico-raciais, buscando entender como essas identidades são estilizadas, exercidas e construídas no projeto a partir das práticas de linguagem nas quais o Afroativos se envolve em diferentes espaços. Analiso a relação das atividades realizadas dentro e fora dos muros escolares e discuto a complexidade, contradições e pontos de (des)encontro entre elas, valendo-me de pesquisas etnográficas como as de Cavalleiro (2000), Souza (2011) e Rosa (2019). Os estudos sobre a raciolinguística (ALIM; RICKFORD; BALL, 2016; FLORES; ROSA, 2015, 2017), Novos Estudos do Letramento (STREET, 2014; BARTON, 1994; BARTON; HAMILTON; IVANIC, 2000; HAMILTON, 2000) a partir de uma visão decolonial (HERNÁNDEZ-ZAMORA, 2019), letramentos transperiféricos (WINDLE; SOUZA et al, 2020) e outros estudos (KILOMBA, 2019; NASCIMENTO, 2019, hooks, 2013; 2019) sustentam a reflexão sobre a estreita relação entre linguagem e raça nas participações sociais nas quais o coletivo se engaja. Com o trabalho, também examino como as/os integrantes do coletivo se posicionam em relação a suas identidades étnico-raciais e as de seus colegas e como são posicionados por outras/os. Ao observar processos de racialização nas práticas de linguagem, identifico as características e valores associados a identidades étnico raciais pelas/os participantes e a maneira como suas ações estão articuladas à promoção de uma educação linguística (SCHLATTER; GARCEZ, 2012), uma educação antirracista (CAVALLEIRO, 2001) e aos modos de se fazer cumprir as leis enlaçadas a identidades étnico raciais. Para a pesquisa etnográfica, foram utilizados os seguintes métodos etnográficos: observação participante, gravação em áudio e audiovisual, registro fotográfico e coleta de documentos e produções textuais realizadas pelos participantes. A análise dos dados permite afirmar que, na relação que constroem entre os letramentos e as identidades étnico-raciais, as/os participantes desenvolvem um processo de transformação afroafirmativa que se dá na socialização através da produção, estilização e performatização das identidades étnico-raciais, constituídas, sustentadas e politizadas colaborativamente.