Prevalência de comportamento suicida em usuários de cocaína e de álcool que acessam os serviços de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Moçambique, Milton Armando Teresa Malai
Orientador(a): Pechansky, Flavio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/258624
Resumo: O transtorno por uso de substâncias (TUS) está entre os principais fatores de risco para o comportamento suicida. Especialmente entre usuários de cocaína, a relação com o suicídio parece ser robusta. Estudos realizados no Brasil apontam que os comportamentos suicidas são frequentes em usuários de crack, mas os fatores preditores deste comportamento precisam ser mais bem elucidados. A literatura mostra também evidências da associação do uso do álcool com o suicídio, assim como traços de personalidade ansiosa ou impulsiva, histórico de trauma na infância, transtornos mentais e impulsividade. Percebe-se que o desafio-chave da prevenção do suicídio consiste inicialmente em identificar as pessoas em risco que a ele são vulneráveis e entender as circunstâncias que influenciam o seu comportamento autodestrutivo, para, posteriormente, propor ou traçar medidas de prevenção e estruturar intervenções eficazes. Esta tese tem como objetivos: 1) estimar, por meio de uma metanálise, a prevalência da ideação (IS) e da tentativa de suicídio (TS) em usuários de cocaína que procuram os serviços de saúde; 2) calcular a prevalência do comportamento suicida e dos fatores associados em indivíduos com transtorno por uso de álcool que estiveram internados no serviço de adição do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. No primeiro artigo, foram incluídos 20 artigos na revisão sistemática, totalizando 2.252 usuários de cocaína. A prevalência estimada de ideação suicida foi de 43,81% (IC 95% 31,10; 57,38) e de tentativa de suicídio de 27,71% (IC 95% 21,63; 34.73). Uma alta heterogeneidade foi observada entre os estudos, estimada em I² = 95% para ideação suicida e I² = 93% para tentativa de suicídio. A análise de subgrupos para o desfecho tentativa de suicídio demonstrou uma diferença estatisticamente significativa (p=0,03), considerando-se a qualidade dos estudos. A análise revelou uma importante heterogeneidade entre os estudos. Embora, para o desfecho tentativa de suicídio, a análise de subgrupos sugira que parte da heterogeneidade pode ser explicada pela qualidade dos estudos, é do nosso conhecimento que outros fatores não contemplados nesta metanálise podem ter uma influência relevante na heterogeneidade. No segundo artigo, a prevalência de TS na vida entre os usuários de álcool foi de 36,6%. Pacientes com maus-tratos na infância (RP = 1,75; IC95% 1,21 – 2,54; p = 0,003), com transtorno de personalidade borderline (RP = 1,82; IC95% 1,17 – 2,82; p = 0,008) e com maiores escores de impulsividade (RP = 1,03; IC95% 1,01 – 1,05; p = 0,011) apresentaram maior prevalência de TS na vida. Tais evidências indicam a necessidade de medidas para identificar precocemente estes comportamentos e tratá-los de forma adequada, visto que pacientes com pensamentos, tentativas ou planos têm maior predisposição para efetivação de suicídio, quando comparados a pacientes que nunca tiveram tal comportamento. Estudos demonstraram que a prevalência de tentativa de suicídio é de 20,8 a 34,6% para usuários de cocaína e de 28,3% a 40% para usuários de álcool. Estas prevalências são similares às encontradas neste estudo, apontando que, de fato, os usuários de álcool apresentam elevadas taxas de prevalência de TS. Os dados foram baseados em autorrelato retrospectivo de tentativa de suicídio, e os indivíduos podem subnotificar os dados e ter memória tendenciosa, especialmente por tratar-se de uma amostra de sujeitos com transtorno por uso de álcool.