Ecologia do cuidado : práticas cotidianas e arranjos de imprevisibilidades em uma comuna rural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Dell'Aglio, Daniela Dalbosco
Orientador(a): Machado, Paula Sandrine
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/248495
Resumo: Esta tese aborda as práticas do cuidado na Comuna Pachamama, localizada em um assentamento na zona rural do estado do Rio Grande do Sul, que se identifica enquanto anarquista e tem como uma de suas tarefas cotidianas a proposta do compartilhamento do cuidado das crianças. Esta tese objetiva, a partir da experiência etnográfica, do relato de cenas e das reflexões desde o lugar situado de uma "pesquisadora-mãe", analisar diferentes "elementos" que fazem parte dessa comunidade de maneira intrínseca ao cuidado, como o solo, o fogo, a madeira, a água e o lixo, que, articulados, formam o que irei desenvolver enquanto "Ecologia do cuidado". Para isso, primeiramente, partiu-se das noções de cuidado, interdependência e ecologia, com suas aproximações conceituais, para desenvolver as inspirações teóricas de autores materialistas contemporâneos, como Haraway, Puig de la Bellacasa e Latour, os quais contribuíram para a compreensão do cuidado enquanto uma prática interdependente e relacional, que articula uma gama de atores, sejam eles humanos ou não humanos. Seguindo atores e cenas vivenciadas durante o trabalho de campo, percebi que o cuidado, para além da manutenção do espaço, se articula em situações que exigem negociações, invenções, criatividade, explicitando uma ética especulativa conectada a múltiplas materialidades. Essa reflexão levou a compreensão de que, para o cuidado ser performado, é estabelecida uma ecologia "tentacular", que coordena fazeres cotidianos, esperados ou imprevisíveis. Enquanto originalidade desta pesquisa, sugiro que tomemos a perspectiva da "Ecologia do cuidado" enquanto uma pista epistemológica em pesquisas em cuidado, a fim de provocar certos conceitos e normativas caras aos feminismos, de maneira a descentralizar o sujeito humano da análise para que, ao construir diferentes filiações, possamos criar modos não hierárquicos de ser no mundo.