“Se não nos cozinharem não melhoramos” : disputas entre a medicina convencional e a tradicional em torno do HIV/SIDA na etnia Tsonga em Moçambique

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Mandlate, Nosta da Graça
Orientador(a): Anjos, José Carlos Gomes dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/170432
Resumo: Tendo em vista a compreensão dos significados atribuídos às infeções oportunistas pelos pacientes HIV+ entre os moçambicanos da etnia Tsonga do distrito de Xai-Xai e a consequente busca de atendimento nas redes tradicionais de cura, na pesquisa adotamos uma metodologia qualitativa com caráter etnográfico. Embora Xai-Xai seja a capital de Gaza, importante província de Moçambique, ali, os Tsonga ainda estão muito inseridos nas redes tradicionais de cura. Por outro lado, a rede do Sistema Nacional da Saude se faz também presente e não muito precária, relativamente ao resto do país. Essa peculiaridade nos levou a indagação central do trabalho: no que concerne aos pacientes HIV+ será que os serviços de saúde do distrito da cidade de Xai-Xai dispõem de estruturas de acolhimento tão adequadas aos pressupostos ontológicos da cultura local quanto as redes tradicionais de cura? A nossa hipótese é a de que o desajuste de um acolhimento inadequado aos pacientes Tsonga impele-os a intensificar a busca de cuidados alternativos à medicina convencional nas redes tradicionais. A metodologia que escolhemos permitiu-nos compreender as vivências dos pacientes não somente a partir das questões apresentadas verbalmente, mas também podemos acompanhar as suas práticas cotidianas relacionadas a busca de cura. A pesquisa fez nos perceber que a ausência do diálogo entre a biomedicina e as redes tradicionais de cura influência em grande medida o elevado número de óbitos e a não retenção dos pacientes em Tratamento antiretroviral- Tarv mesmo com as constantes reinvenções de políticas de assistência aos pacientes HIV+. A situação colonial dessa relação se consubstância na negação ou subalternização do conhecimento local mesmo por atores nativos que atuam no sistema nacional de saúde.