História natural de Benthana cairensis (Isopoda: Oniscidea)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Sokolowicz, Carolina Coelho
Orientador(a): Araujo, Paula Beatriz de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/24073
Resumo: A subordem Oniscidea abriga os isópodos terrestres, os quais apresentam uma grande riqueza de espécies em diferentes ambientes com características completamente diversas, desde a zona litorânea até ambientes desérticos. No Brasil há uma diversidade de espécies ainda pouco estudada, sendo que a família Philosciidae representa uma grande parte da fauna de isópodos da América do Sul. O presente estudo tem como objetivos descrever uma nova espécie no gênero Benthana para o estado do Rio Grande do Sul, descrever seus estágios de manca e juvenil, assim como caracterizar sua estrutura populacional com respeito aos aspectos reprodutivos e crescimento. Benthana cairensis foi descrita como uma nova espécie de Philosciidae e tem como caracteres diagnósticos a presença de 17 estetascos na antênula, exópodo do pleópodo 1 do macho alongado apresentando um lobo na margem lateral interna. Essa espécie é semelhante a três outras do gênero em relação a presença do lobo, no entanto diferencia-se de todas elas devido às diferenças no número de omatídeos, inserção dos ramos do urópodo e dimorfismo sexual nos pereiópodos dos machos. A fase imatura e indiferenciada sexualmente apresenta três estágios, chamados de mancas. O estágio de Manca I é caracterizado pela simplicidade de suas estruturas e pela sua rápida duração, de aproximadamente 4 horas; apresenta 6 pares de pereiópodos, esses ainda glabros e o aparelho bucal fracamente desenvolvido ainda sem a presença dos dentes pectinados na maxilula, característicos de Benthana. O estágio seguinte, de Manca II, já apresenta o aparelho bucal mais desenvolvido com os dentes pectinados da maxilula e pereiópodos já com o padrão de setas semelhante ao adulto, inclusive a seta “hand-like” do carpo 1, uma autapomorfia do gênero. O último estágio de manca (Manca III) caracteriza-se pela presença do sétimo par de pereiópodos presente dobrado ventralmente sob o corpo do animal. Os estágios de juvenis caracterizam-se pela diferenciação sexual, mas ainda são imaturos sexualmente. Os três primeiros estágios foram descritos para os machos com destaque para o desenvolvimento da protusão do exópodo do pleópodo 1, outra autapomorfia do gênero, o qual só começa a ficar evidente no segundo estágio (JUII) e somente apresenta-se completamente desenvolvido quando o animal atinge aproximadamente 1.0 mm de largura de cefalotórax (LC). O dimorfismo sexual presente nos quatro primeiros pares de pereiópodos dos machos começa a aparecer após os três primeiros estágios de juvenil e está completamente evidente em machos de aproximadamente 1.2 mm de LC. A população de Benthana cairensis do Sítio Cairé caracteriza-se por apresentar uma reprodução contínua durante o ano. As fêmeas investem menos em uma única prole, no entanto são capazes de se reproduzir mais de uma vez ao longo de sua vida. A proporção sexual operacional da população é de 1:1, mostrando que há um equilíbrio no que se refere ao número de machos e fêmeas aptos para reprodução. Os machos vivem menos que as fêmeas e são menores. As fêmeas possuem o corpo maior, o que aumenta a superfície para abrigar a prole o que foi demonstrado pela correlação positiva do tamanho da fêmea com o número de ovos. As características de desenvolvimento de B. cairensis são semelhantes a outras espécies de Philosciidae, apresentando três estágios de mancas. Suas características populacionais, no que se referem a estação reprodutiva e investimento reprodutivo, são semelhantes a outras espécies subtropicais e, como esperado, diferentes de espécies de isópodos que vivem em regiões temperadas.