Evolução em simbiose : estudo de caso da relação entre as bactérias Wolbachia (Alphaproteobacteria, Rickettsiales) e os isópodos terrestres (Crustacea, Oniscidea) na América do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Zimmermann, Bianca Laís
Orientador(a): Araujo, Paula Beatriz de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196737
Resumo: As bactérias Wolbachia são conhecidas por infectar uma variedade de artrópodos e nematoides. Em artrópodos, a presença da bactéria já foi detectada em uma quantidade impressionante de insetos, crustáceos e quelicerados, o que faz de Wolbachia o mais abundante endossimbionte do planeta Terra. A relação simbiótica entre Wolbachia e seus hospedeiros isópodos terrestres é conhecida há bastante tempo e relativamente bem estudada na Europa. No entanto, na América do Sul e região Neotropical, os estudos são ínfimos e muito pouco se sabe sobre o tema. Os objetivos da presente tese foram: examinar a ocorrência e prevalência de infecção de Wolbachia em populações naturais de isópodos terrestres da América do Sul; analisar a diversidade genética e as relações filogenéticas das linhagens encontradas; verificar a influência da bactéria sobre a aptidão de Atlantoscia petronioi; além de realizar a filogenia molecular do gênero Neotropical Atlantoscia. Depois do primeiro registro da infecção em três espécies (duas nativas e uma introduzida) de isópodos terrestres da América do Sul, um screening mais amplo foi realizado. Animais foram coletados em 11 estados brasileiros, além de municípios da Argentina e Uruguai. A identificação molecular da presença da infecção foi realizada com o gene 16S rDNA, e as amostras positivas também foram testadas com os genes dnaA e aqueles da MLST (Multilocus Sequencing Typing - coxA, gatB, hcpA, fbpA, ftsZ). Um total de 1172 indivíduos, representando 11 famílias e 35 espécies (26 nativas e nove introduzidas) foi testado para a presença de Wolbachia, sendo que 16 espécies foram positivas e em oito destas, este é o primeiro registro de infecção. Apesar da baixa prevalência geral de infecção, as linhagens encontradas nas espécies nativas apresentaram alta diversidade e, apesar da maioria fazer parte do supergrupo B, nenhuma delas faz parte do Oniclado. Pela primeira vez, linhagens dos supergrupos A e F foram registradas para isópodos terrestres, evidenciando uma diversidade nunca antes observada para esse grupo. Em relação aos efeitos de Wolbachia sobre a aptidão de A. petronioi, foi observado que a bactéria apresenta efeitos negativos sobre a fecundidade desta espécie, embora não influencie a sobrevivência e razão sexual dos indivíduos infectados. Além disso, a taxa de transmissão vertical foi de aproximadamente 85%, um valor alto, considerando os custos associados. Este estudo reforça o fato de que os efeitos da Wolbachia são neutros ou deletérios em isópodos terrestres, considerando tanto espécies paleárticas quando neotropicais. Por fim, a filogenia molecular das espécies do gênero Neotropical Atlantoscia foi realizada, utilizando-se o gene mitocondrial COI (primers utilizados no DNA barcoding). Foi observada congruência entre as análises moleculares e morfológicas, uma vez que todas as espécies nominais do gênero apresentaram alto suporte nas árvores geradas. Dessa forma, o gene utilizado mostrou-se útil para o seu propósito, podendo ser utilizado em conjunto com as tradicionais descrições e identificações morfológicas de modo a tornar tais análises mais robustas.