Efeito do tabagismo entre doadores de sangue sobre a concentração de elementos tóxicos, essenciais e estresse oxidativo em concentrado de hemácias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Boehm, Renata Eliane
Orientador(a): Gomez, Rosane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/201596
Resumo: A transfusão de sangue é uma das terapias mais realizadas no mundo, mas apesar dos esforços para aumentar a segurança transfusional, está associada a riscos aos receptores. Atualmente não existem restrições para doação de sangue para fumantes. Sabe-se que na fumaça do cigarro já foram identificadas cerca de 5.000 substâncias tóxicas, entre elas o monóxido de carbono (CO) e elementos traço tóxicos. Ainda, o tabagismo contribui para o desequilíbrio entre antioxidantes e oxidantes, sendo uma via importante para o desenvolvimento de doenças. O concentrado de hemácias (CH) é o hemocomponente mais frequentemente transfundido e tende a ser o principal afetado pela toxicidade do cigarro devido à afinidade da hemoglobina por CO e as hemácias serem importantes alvos do estresse oxidativo. Em função da escassez de estudos avaliando a qualidade e a segurança do CH proveniente de doadores fumantes sob um ponto de vista toxicológico, foi conduzido um estudo observacional, longitudinal, de caso-controle, pareado, entre doadores de sangue fumantes (n=36) e não fumantes (n=36) do Banco de Sangue do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Primeiramente avaliamos efeito do tabagismo sobre a concentração de elementos essenciais e elementos traço tóxicos no CH. Como biomarcador de exposição foi quantificada a concentração de carboxihemoglobina (COHb) por co-oximetria e os elementos potencialmente tóxicos determinados foram arsênico, cádmio, chumbo, cromo e níquel e os essenciais, cálcio, magnésio, cobre, ferro, manganês, molibdênio, selênio e zinco, por espectrometria de massa por plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). Nossos resultados mostraram que a COHb foi 14 vezes mais elevada (P<0,001) no CH de doadores fumantes. Nessas bolsas, encontramos maior concentração de metais tóxicos como cádmio, chumbo (P<0,001) e uma redução global de elementos essenciais (P<0,05), exceto o molibdênio. Adicionalmente, exploramos a influência do tabagismo no estado oxidativo dos CH antes do armazenamento, pela análise dos biomarcadores de efeito malondialdeído (MDA), glutationa peroxidase (GPx), glutationa S-transferase (GST), grupos tiol não proteicos e níveis de vitamina C e sua associação com o biomarcador cotinina urinária. O tabagismo foi associado com níveis mais baixos de GPx (P <0,001) e vitamina C (P <0,001) e aumento dos níveis de GST (P<0,001). Correlações 6 negativas foram encontradas entre os níveis de cotinina, GPx (r = -0,693; P <0,001) e vitamina C (r = -0,381; P <0,001), além de uma correlação positiva entre os níveis de cotinina e atividade de GST (r = 0,294; P = 0,015), sugerindo que o cigarro afeta as defesas antioxidantes do CH antes do armazenamento. Os resultados dessa tese sugerem que o tabagismo entre doadores de sangue pode prejudicar a qualidade e segurança do CH indicando um risco potencial aos receptores suscetíveis, especialmente recém-nascidos e crianças. Tais resultados poderão nortear políticas para inclusão da pergunta sobre o hábito de fumar na triagem de doadores em toda rede hemoterápica, bem como contribuir com o estabelecimento de novos protocolos para redução de risco transfusional.