Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Viana, Arthur Walber |
Orientador(a): |
Morigi, Valdir Jose |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/194940
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Resumo: |
Como a população de rua se inscreve nas narrativas do jornal Boca de Rua: esta é, de maneira bastante sucinta, a complexa questão que se pretende abordar nesta dissertação. Para tanto, o percurso teórico nos guiará por questões tais quais os limites e possibilidades do inscrever a si: em um universo onde as identidades se fazem ao se desfazer, móveis e fugidias, e conexões novas surgem sempre ao passo que as desconexões jamais se interrompem, como posso falar de mim e, em certa medida, como posso mesmo saber quem sou – ou minimamente garantir e sustentar que sou aquilo que imagino ser? Por que percursos correm e se chocam freneticamente léxicos e sintaxes e ações e discursos que moldam aquilo tudo que sei e que sinto e que expresso, fazendo de questões aparentemente simples enredados enigmas que, apesar de constantes tentativas, parecem jamais satisfatoriamente respondidos? Tais questionamentos nos perturbam e, exatamente devido a isto, por eles nos aventuraremos, partindo de compreensões pós-estruturalistas e dos Estudos Culturais. Para efetuar esta tentativa, elegemos como objeto de estudo o jornal Boca de Rua, publicação produzida inteiramente por pessoas em situação de rua de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil: nele queremos entender como são construídas as narrativas de si daquelas e daqueles a quem com incômoda frequência é negada a permissão para dizer o que quer que seja e, em boa parte por causa disto, também a para existir da maneira que melhor lhes convir. Efetuaremos um estudo actancial: para escapar de abordagens essencialistas, atentaremos para as ações de moradoras e moradores de rua inscritas nos textos e também ao entorno, à rua e à cidade e aos outros destes que estigmatizamos como Outros maiúsculos; o que fazem e o que os faz fazer e o que ativam quando fazem o que fazem. Reagindo a tentativas de estabilizações identitárias já postas sobre ela, pesados estigmas, a população de rua grita: vemos, no Boca de Rua, a inscrição de ações singularizantes que nos revelam seres complexos e múltiplos, bem mais diversos que o suposto pela ação que mais pesa sobre elas e eles, o morar na rua que os define. Inseridos em um cotidiano de violência – simbólica e física –, inscrever a si no mundo parece uma importante ferramenta para a população de rua reencontrar, na singularidade das mortes e das vidas narradas, a sua multiplicidade. |