Vozes de uma gente invisível : o jornal Boca de Rua como promotor do letramento, da autoria, da cidadania e da visibilidade social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ferreira, Renata Blessmann
Orientador(a): Endruweit, Magali Lopes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/216074
Resumo: Neste estudo, aponto de que forma o jornal Boca de Rua, periódico trimestral produzido e vendido pela população em situação e trajetória de rua de Porto Alegre há 18 anos, se constitui como uma agência de letramento para aqueles que integram o projeto. Com base em uma etnografia do grupo, apresento os eventos e as práticas de letramento envolvidos na produção do jornal de acordo com o contexto social, histórico e cultural daqueles que vivem, estão ou ficam nas ruas. Para isso, recorro a procedimentos metodológicos como observaçãoparticipante, anotações em diário de campo e análise documental, de forma a me aproximar da visão de seus participantes, quer por aquilo que deixam expresso em suas falas, quer por aquilo que deixam entrever em suas ações. Para a leitura dos dados, este trabalho se funda centralmente na Linguística enunciativa de Émile Benveniste, para quem a língua é condição de existência do homem, que sempre nela se inscreve de forma intersubjetiva, e nos Estudos de Letramento, segundo o qual a língua é uma prática social situada que muda de acordo com o interlocutor e o propósito comunicativo. Tomando como base tal aparato teórico e a pesquisa em campo, a dinâmica das reuniões do Boca de Rua é pensada a partir de três tópicos principais, que põem em foco o protagonismo da população em situação ou trajetória de rua na construção do projeto: 1) ele é regido por regras definidas democraticamente pelos integrantes; 2) ele se organiza a partir do relato de seus participantes; 3) ele se estrutura a partir da divisão em grupos, cuja temática reflete alguma demanda trazida durante as reuniões. Cada um desses pontos é analisado sob o enfoque enunciativo, entendendo que a ação efetiva em práticas sociais de leitura e de escrita só é possível através de uma língua que demanda que cada um se construa como sujeito no discurso tendo em vista o outro diante de si. Com este estudo, busco contribuir com a divulgação de conhecimentos sobre a população em situação e trajetória de rua, principalmente no que toca à forma como atuam em práticas sociais de leitura e escrita e como lidam com o mundo da cultura escrita.