Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Fernandes, Marcelo Nunes da Silva |
Orientador(a): |
Dal Pai, Daiane |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/279336
|
Resumo: |
Introdução: A pandemia da Coronavirus disease de 2019 exigiu inúmeras adaptações laborais relacionadas ao novo coronavírus e as equipes de saúde estiveram mais expostas ao risco de adoecimento e ao desenvolvimento do Burnout. Objetivo: analisar o contexto de trabalho das equipes de saúde da Atenção Primária à Saúde na pandemia da Coronavirus disease de 2019 e suas implicações sobre os riscos de adoecimento e o burnout. Método: Trata-se de um estudo de métodos mistos, com estratégia de triangulação concomitante, realizado com 52 equipes de saúde de um município do Rio Grande do Sul, no período de setembro de 2021 a fevereiro de 2022. Na etapa quantitativa, 224 profissionais de saúde responderam sobre dados sociodemográficos e laborais, ao Inventário sobre o Trabalho e Risco de Adoecimento e ao Burnout Assessment Tool. Na etapa qualitativa, 20 profissionais responderam a uma entrevista. Achados quantitativos foram submetidos a estatísticas descritivas e analíticas, considerando significativos valores de p < 0,05. Os dados qualitativos foram submetidos à análise temática. Os achados foram articulados e integrados para compreensão mais abrangente do fenômeno. Aspectos éticos foram respeitados. Resultados: Predominou o sexo feminino (81,2%), com média de idade de 43,84 anos (dp= 10,41), sendo 34 (15,2%) médicos, 45 (20,1%) enfermeiros, 16 (7,1%) odontólogos, 44 (19,7%) técnicos/auxiliar de enfermagem, 79 (35,3%) agentes comunitários de saúde e seis (2,7%) auxiliares/atendentes de consultório dentário. Os profissionais que convivem com doença tiveram piores avaliações quanto à realização profissional (p=0,02), o esgotamento profissional (p<0,001) e a falta de reconhecimento (p<0,001); os profissionais com menor tempo de experiência na área da saúde tiveram piores avaliações quanto a realização profissional (p=0,01), liberdade de expressão (p=0,02) e esgotamento profissional (p=0,04); e aqueles com piores percepções da sua alimentação tiveram piores avaliações sobre a realização profissional (p=0,02), liberdade de expressão (p=0,04), esgotamento profissional (p=0,03) e reconhecimento (p<0,001).O custo cognitivo (μ=3,69; dp=0,92) e afetivo (μ=2,57; dp=0,80) foram considerados críticos. Os danos físicos foram considerados graves (μ=2,65; dp=1,46). Foram associados à exaustão emocional ser agentes comunitários de saúde (r=0,37; p=0,01) e enfermeiros (r=0,52; p=0,04); profissionais com boa alimentação, apresentaram menor exaustão emocional (r=0,64; p<0,001) e declínio no controle emocional (r=-0,97; p<0,001); aqueles com maior idade também apresentaram menor exaustão (r=-0,20; p<0,001); o uso de medicamento contínuo esteve associado com melhor distanciamento mental (r=0,39; p=0,01) e os agentes comunitários de saúde foram os que tiveram menor declínio cognitivo (r=0,61; p=0,09). Quanto a organização e condições de trabalho, identificou-se excessivo ritmo de trabalho, carência de tempo para pausas de descanso, dificuldade dos profissionais para executar suas tarefas, ambientes físicos desconfortáveis e com falta de espaço adequado, equipamentos de trabalho inadequados para exercer as atividades laborais e riscos à segurança dos profissionais de saúde. Quanto às percepções de prazer e sofrimento no trabalho, constatou- se esgotamento emocional, estresse, sobrecarga de trabalho, insegurança e sentimento de medo. Contudo, o equilíbrio para tais vivências foi identificado por meio da satisfação pessoal com a utilidade da sua atuação profissional na pandemia, principalmente nas campanhas de vacinação e reconhecimento dos pacientes e comunidade. Conclusão: A exposição às piores avaliações do contexto de trabalho foi associada a profissionais previamente acometidos por doenças e há evidências que confirmam o adoecimento e o burnout entre profissionais das equipes de saúde. Pode-se inferir que melhorias nas condições de trabalho, construção de um ambiente de trabalho saudável e colaborativo e medidas para redução dos níveis de estresse ocupacional, podem minimizar os efeitos das demandas dos profissionais de saúde que atuaram na pandemia. |