Efeito do exercício físico na resposta antinociceptiva induzida por estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) em ratos submetidos a um modelo de dor neuropática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lopes, Bettega Costa
Orientador(a): Torres, Iraci Lucena da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dor
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/224330
Resumo: Introdução: Dor neuropática crônica origina-se por lesão ou doença no sistema nervoso somatossensorial, e é frequentemente acompanhada por comorbidades como ansiedade, depressão, déficits cognitivos, redução na qualidade de vida, dentre outros. Além do aspecto multidimensional, a refratariedade ao tratamento farmacológico faz com que o manejo desta doença se torne um desafio. Logo, a busca por terapêuticas complementares que contribuam no tratamento da dor crônica e suas comorbidades devem ser encorajados. Objetivos: Investigar os efeitos da associação entre a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) e exercício sobre parâmetros comportamentais e bioquímicos em ratos submetidos a um modelo de dor neuropática. Materiais e métodos: Ratos Wistar (~ 60 dias) foram inicialmente divididos em 3 grupos: controle; sham-dor e dor. A dor neuropática foi induzida pela constrição crônica do nervo isquiático esquerdo (CCI) sob anestesia com isoflurano. No 14º dia, os animais foram subdivididos em 13 grupos: controle; sham-dor; sham-dor+sham/ETCC; sham-dor+exercício; sham-dor+ETCC; sham-dor+sham/ETCC+exercício; sham-dor+ETCC+exercício; dor; dor+sham/ETCC; dor+exercício; dor+ETCC; dor+sham/ETCC+exercício; dor+ETCC+exercício. Hiperalgesia mecânica e térmica foram avaliadas pelos testes do von Frey e placa quente nos tempos: basal; 7º e 14º dias após a CCI, e imediatamente, 24h e 7 dias após os tratamentos. O comportamento do tipo ansioso foi avaliado por meio do labirinto em cruz elevado (elevated plus maze-EPM) 24h e 7 dias após a última sessão de tratamento. Do 15º ao 22º dia, os ratos receberam ETCC bimodal (0.5mA), exercício (70% VO2máx) ou a combinação de ambos uma vez ao dia por 20 minutos. Em 48h ou 7 dias após o final dos tratamentos, os ratos foram eutanasiados, e o córtex cerebral, hipocampo, tronco encefálico, medula espinhal e nervo isquiático foram coletados para dosagens de citocinas e fatores neurotróficos pela técnica de ELISA. Dados comportamentais foram analisados pela equação de estimativas generalizadas (GEE) ou ANOVA de 3 vias seguida de Bonferroni; e os resultados bioquímicos foram analisados por ANOVA de 3 ou 4 vias seguida de Bonferroni. Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pela CEUA/HCPA: #20170061; #20180034. Resultados: Em nosso estudo observamos que a ETCC e/ou exercício físico reverteram completamente a hiperalgesia térmica em todos os períodos de tempo analisados, enquanto que a hiperalgesia mecânica foi parcialmente revertida e promoveu um efeito sinérgico em 7 dias após o término do tratamento. Em relação ao comportamento do tipo ansioso, foi observado que a ETCC combinado ao exercício aumentou o número de entradas nos braços abertos (EOA) e reduziu o tempo de permanência nos braços fechados (TCA). Do ponto de vista bioquímico, observamos que a associação entre ETCC e exercício, aumentou os níveis de BDNF (7 dias) e reduziu a IL-4 no córtex cerebral. No hipocampo, a combinação entre tratamentos desencadeou efeitos opostos ao longo do tempo, em 48h após o final dos tratamentos houve um aumento no conteúdo de BDNF, enquanto que no 7º dia, foi observado uma redução nos níveis desta neurotrofina e de TNF-α. Em relação ao tronco encefálico e medula espinhal (7 dias), a ETCC combinada ao exercício aumentou os níveis de IL-4, enquanto que no nervo isquiático houve um aumento no BDNF (48 h) e IL-10 (7 dias) promovidos pelas técnicas combinadas. Conclusão: Em resumo, nossos achados demonstram que a combinação de técnicas neuromoduladoras é eficaz em promover efeitos antinociceptivos e ansiolíticos por meio da modulação de parâmetros bioquímicos e moleculares em estruturas do sistema nervoso periférico e central. Portanto, estas terapêuticas não farmacológicas são promissoras adjuvantes no tratamento da dor crônica e suas comorbidades. Adicionalmente, é possível observar que estas técnicas promovem a modulação de parâmetros neuroquímicos de forma tecido, estado ou tempo-dependente.