Correndo atrás da máquina : a experiência temporal de duas categorias de trabalhadores : assalariados formais e entregadores por aplicativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cremonini, Caetano Braun
Orientador(a): Rosenfield, Cinara Lerrer
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/267380
Resumo: Esta pesquisa investiga as relações entre experiência do tempo e formas de trabalho diferenciadas a partir de sua estabilidade, quais sejam, o assalariamento formal e o trabalho mediado por plataformas. Para isso, define inicialmente o tempo como um conceito sociológico e demonstra sua aproximação com as transformações históricas do trabalho nas sociedades capitalistas. A noção de experiência de tempo foi operacionalizada a partir de três dimensões: tempo cotidiano, tempo biográfico e tempo geracional. O objetivo geral da pesquisa foi elaborar uma interpretação sociológica das experiências temporais de jovens adultos inseridos nos modelos de assalariamento formal e trabalho mediado por plataformas, atentando para as diferenças e aproximações dessas experiências a partir da estabilidade do modelo de trabalho desempenhado. A pesquisa se organizou a partir do método qualitativo, realizando entrevistas em profundidade com 18 trabalhadores – sete assalariados formais do setor administrativo e 11 entregadores por aplicativos –, com a análise sendo realizada a partir das três dimensões temporais mencionadas previamente. Na dimensão cotidiana da experiência temporal, observamos diferenças objetivas entre os dois grupos, com os entregadores trabalhando por jornadas mais longas e por mais dias e tendo rotinas mais desorganizadas, mas também aproximações a partir de uma tendência do trabalho assalariado formal de incorporar dinâmicas similares às do trabalho por plataformas, como o não pagamento de tempos em que o trabalhador se encontra à disposição da empresa sem realizar nenhuma tarefa específica. Ainda nessa dimensão, vimos como fatores extrínsecos ao trabalho têm grande peso na experiência cotidiana, bem como as diferenças na apropriação subjetiva dessa experiência. Ao analisarmos a dimensão biográfica a partir do olhar para o passado, vimos como as trajetórias da maior parte dos sujeitos de ambos os grupos é marcada pela fragmentação e instabilidade, com experiências múltiplas e com diferentes tipos de vínculo (formal, informal, estágio), bem como exploramos o peso que a ampliação do acesso a níveis mais altos de educação formal teve nessas trajetórias. Com relação ao futuro, vimos como a maior parte dos sujeitos tem suas expectativas marcadas pelo risco social da insegurança econômica, apresentam projetos que muitas vezes não passam pelo assalariamento formal e se mostram por vezes encurtados à realidade do tempo presente. A partir da análise dessas duas dimensões do tempo, realizamos uma interpretação da experiência geracional desses jovens adultos, demonstrando como fazem parte de uma geração marcada pela ampliação do acesso ao ensino superior, pela contração da experiência do presente, pelo rebaixamento do trabalho assalariado formal e por projetos de futuro que passam por certa idealização do empreendedorismo. Concluindo, demonstramos como há uma tendência geral de desorganização da experiência temporal no mercado de trabalho brasileiro, da qual o trabalho mediado por plataformas representa uma espécie de vanguarda, mas que também atinge aos assalariados formais. A partir desses achados, apontamos para os vínculos entre modelos de trabalho historicamente típicos da periferia do capitalismo e a sua reorganização enquanto sistema socioeconômico que implica um processo de aceleração social geral que vem sendo teorizado nos últimos anos.