Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2005 |
Autor(a) principal: |
Techio, Jônadas |
Orientador(a): |
Klaudat, André Nilo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/77867
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Resumo: |
O presente estudo pretende fornecer um esclarecimento acerca do idealismo transcendental de Kant, através da análise de um problema específico e recorrente no âmbito de sua interpretação: o chamado “problema da afecção” (aqui compreendido como a dificuldade de se compatibilizar (i) a tese da incognoscibilidade das coisas em si mesmas e (ii) a tese de que coisas existentes independentemente de nós nos afetam). A relevância da análise desse problema para a compreensão da posição kantiana reside na ligação mantida entre as duas teses litigiosas que o constituem e dois aspectos gerais e absolutamente fundamentais do idealismo transcendental, que são, respectivamente, seu aspecto idealista e seu aspecto realista. Essa ligação também explica porque mal-entendidos acerca da macro-estrutura da posição de Kant (i.e., acerca de seu caráter “realista” e/ou “idealista”), podem ter sido responsáveis por interpretações equivocadas do papel das duas teses pontuais que constituem o problema em pauta — e isso tanto por parte dos seus críticos, quanto por parte dos seus presuntivos “defensores”, como tentarei mostrar através da análise de alguns casos exemplares. A convicção que move o presente estudo ´e a de que, para impedir tais mal-entendidos, faz-se necessário um esforço reflexivo que priorize a natureza peculiar do procedimento argumentativo de Kant, o qual prescinde e mesmo se opõe a qualquer modelo intuitivo que possamos ter acerca das relações entre “sujeito” e “objeto”, “mente” e “mundo”, exigindo, consequentemente, para sua melhor compreensão, que se proceda a uma inversão completa da “imagem” que guia nossas especulações acerca dessas relações — exatamente como nos pede o autor da Crítica ao apresentar sua proposta de “revolução copernicana”. Como resultado, defenderei que o “problema da afecção” só constitui um “problema” legítimo se supusermos uma determinada compreensão da macro-estrutura do idealismo transcendental, e, por conseguinte, dissolve-se quando a abandonarmos em prol de uma compreensão alternativa, fundamentada em um novo modelo de explicação da cognição humana, no qual o sujeito assume um papel central, sem prejuízo do ponto realista expresso pela tese da afecção. O que tentarei mostrar ´e que esse “realismo” não é de fato uma posição filosófica: ele não ´e o resultado de nenhum argumento — como, per contra, o é o “realismo empírico” — nem tampouco é assumido dogmaticamente no ponto de partida da análise — como faria o defensor do “realismo transcendental”, guiado por um modelo da cognição posto em cheque por Kant. O que este último autor pretende contemplar, no nível filosófico da análise da cognição, ao afirmar a necessidade da afecção, é simplesmente o que se poderia chamar de atitude realista “ordinária”, “pré-reflexiva”, da qual todos n´os compartilhamos, e que pode ser expressa linguisticamente pelo dito: “experimentar não é inventar”. Ao contemplar essa atitude, Kant d´a um passo em sua análise que não é passível de justificação — pelo menos no sentido do fornecimento de uma “prova” — mas que tampouco pode ser posto em dúvida, uma vez que a própria pergunta que deveria expressar essa dúvida exige que se fale acerca daquilo que está aquém dos limites do sentido, e, por isso mesmo, não pode ser formulada (com sentido). |