Democracia e entropia: uma teoria decolonial dos sistemas sociais e um estudo empírico sobre desigualdade no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Zorzi, Felipe Bortoncello
Orientador(a): Baquero, Marcello
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/241771
Resumo: Por que democracias representativas reproduzem violentas assimetrias sociais, que oferecem riscos à conservação de sua própria estabilidade, se democracias almejam, como ideal, a unidade da opinião pública do povo na deliberação política? Uma crise sistêmica ocorre no mundo globalizado pelo capitalismo que se manifesta na desigualdade social e na desarmonia ecológica do Sistema Terra. Desigualdades emergem de um ciclo vicioso de exclusão e privilégio. Há assimetrias entre ricos e pobres, no acesso à educação de qualidade, no processo de representação política, no controle sobre o meio-ambiente. A maioria dos cidadãos está descontente com a forma como as decisões de seus representantes eleitos ignoram as contradições de sua realidade existencial. As deliberações institucionais parecem capturadas por grupos hegemônicos alheios à maioria. Em paralelo, há crise de legitimidade nas instituições democráticas. Esta tese constrói um pensamento sistêmico através da teoria dos sistemas complexos, especificamente da teoria dos sistemas sociais autopoiéticos (autoprodutivos), para analisar a interpenetração não-linear entre três subsistemas da organização social: educação, economia e política. Busca-se entender, através do estudo da cultura política de um país colonizado, o Brasil, como as assimetrias sistêmicas podem resultar da corporificação mental de uma ideologia hegemônica que colonizou o mundo: a doutrina liberal de pensamento. As ideias desta tese de doutorado se sintetizam na “hipótese da entropia cultural”: Como resultado da expansão imperial do capitalismo, uma ideologia hegemônica, a doutrina liberal ou o individualismo, colonizou a sociedade brasileira com a ideia de privatização dos recursos escassos da natureza, determinando a reprodução histórica de um sistema social autopoiético que insula institucionalmente, através das diferenças na qualidade da educação (privada e pública), a enculturação política das redes de jovens abastados em condições de baixa entropia (organização, ordem, orientação) e marginaliza as redes de jovens pobres em condições de alta entropia (desorganização, desordem, desorientação). Para testá-la, desenvolve-se uma metodologia ecológica. Questionários de pesquisa survey foram aplicados em grupos naturais (clusters/turmas) de jovens estudantes de ensino médio de modo a mensurar o efeito das classes econômicas (escolas públicas, escolas privadas e escola militar) e da qualidade da educação (desempenho da escola no Exame Nacional do Ensino Médio) sobre suas orientações políticas. Evidencia-se um insulamento institucional entorno de grupos dominantes que se beneficiam da desorientação caótica dos alienados pelas regras do sistema.