Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
Pakter, Helena Messinger |
Orientador(a): |
Fuchs, Sandra Cristina Pereira Costa |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/134358
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Resumo: |
É bem conhecido que alterações vasculares iniciam como um processo silencioso e assintomático. A identificação precoce de anormalidades vasculares na retina em pacientes assintomáticos pode permitir a detecção de pacientes em risco de desenvolver DCV. Por prover visualização direta do leito vascular, a retina pode ser estudada não invasivamente mostrando o grau de acometimento da microcirculação. Avanços nas técnicas de fotografia retiniana e de análise digital de imagem tem permitido a mensuração objetiva de alterações vasculares da retina. Com isso, é possível quantificar anormalidades na microvasculatura retiniana, imprescindível para o estudo da fisiopatologia da hipertensão arterial sistêmica, bem como para a avaliação da associação com doença cardiovascular. Um software desenvolvido pela autora desta tese e colaboradores é capaz de medir calibre de arteríolas e vênulas de retinografias digitalizadas. Esse software, nomeado Retinal Analyser System (RAS), foi atualizado e houve a inclusão e testagem de um fator de escala ou calibração, apresentado no Artigo 1 dessa tese. Os métodos de análise de imagens da retina utilizados para medir calibre dos vasos retinianos não determinam exatamente o que está sendo medido. Assim, havia necessidade de investigar se o calibre medido no software RAS corresponde ao lúmen vascular somente ou se inclui a parede vascular. O Artigo 2 dessa tese apresenta a comparação de medidas de calibre de vasos retinianos, em retinografias coloridas com angiografias fluoresceínicas. Nesse artigo concluímos que, como as diferenças encontradas entre os dois métodos foram muito pequenas, o método microdensitométrico mede o lúmen vascular. Os calibres vasculares retinianos avaliados quantitativamente por métodos digitalizados tem mostrado uma associação significativa com incidência e gravidade da hipertensão arterial casual. No entanto, nas últimas décadas, tem sido discutido o valor da medida casual da pressão arterial para fins prognósticos. Em função da variação contínua da pressão arterial, de momento a momento, de acordo com as atividades do indivíduo, novos métodos podem complementar a avaliação através de medidas repetidas da pressão arterial, permitindo a detecção da pressão arterial usual. Tendo em vista essas considerações, o Artigo 3 dessa tese avaliou a associação entre os diferentes parâmetros da pressão arterial, medida pela MAPA, e os calibres vasculares retinianos. A relação entre pressão arterial e calibre arteriolar e venular da retina no momento da obtenção retinografia também foi estudada. Demonstramos que a pressão diastólica média das 24 horas, da vigília e do sono teve associação inversa e significativa com calibre arteriolar e razão arterio-venosa, mas não com calibre venular. A pressão arterial medida na hora da retinografia não mostrou associação com o calibre dos vasos retinianos. Assim concluímos que a associação entre o calibre arteriolar dos vasos retinianos e a pressão arterial não é influenciada pela variação instantânea da pressão arterial e, provavelmente, depende de lesões histológicas da parede arteriolar secundária à hipertensão sustentada. Através da MAPA também é possível avaliarmos a variação temporal da pressão arterial ao longo de um período de 24 horas, e assim estudar o ritmo circadiano e a ritimicidade da pressão arterial. Uma maneira de analisar a ritimicidade da pressão arterial é através do método Cosinor, um método de análise de regressão periódica, baseada na adaptação da função do coseno, para valores da pressão arterial com período de 24 horas. O método Cosinor gera, em cada elemento (indivíduo ou população), os seguintes parâmetros de validação do ritmo circadiano: MESOR (sigla em inglês para média do ritmo ajustada estatísticamente), acrofase e amplitude. O estudo do ritmo circadiano da pressão arterial, avaliado pela da análise de cosinor, e sua associação com os calibres vasculares retinianos, resultou no artigo 4 dessa tese. Nesse artigo, mostramos que o MESOR associa-se significativa e inversamente com calibre arteriolar, com uma magnitude de 0.8 a 1 micron de redução no calibre para um aumento de 10 mmHg do MESOR da pressão arterial. O calibre venular não mostrou associação com o MESOR. Também usamos a análise de Cosinor para população e avaliamos as diferenças nos ritmos da pressão arterial entre as populações do primeiro e dos demais quintis de calibre vascular. Através desta análise observamos que amplitude e acrofase da pressão arterial são estatisticamente diferente entre as populações do primeiro e demais quintis de calibre venoso, mas não arteriolar. Em resumo, enquanto o MESOR está associado ao calibre arteriolar, a amplitude e a acrofase estão associadas ao calibre venular. Concluindo, essa tese mostra, através de seus 4 artigos, a aplicação do software RAS para medida de calibres vasculares retinianos e a associação dessas medidas com pressão arterial, em uma população de pacientes hipertensos. A associação entre o calibre vascular retiniano, a pressão arterial medida 24 horas e o seu ritmo, demonstrada nessa tese, fortalece a hipótese que a avaliação da microvasculatura retiniana pode ser um marcador clínico importante de lesão em órgão. |