Saúde cardiovascular de adolescentes brasileiros utilizando o escore “Life’s Essential 8” e sua associação com a exposição simultânea à desvantagens socioeconômicas

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Rosa, Priscila Bárbara Zanini
• Orientador(a): Drehmer, Michele
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Saúde do adolescente; Adolescente; Doenças cardiovasculares; Fatores socioeconômicos; Comportamentos relacionados com a saúde
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/288335

Introdução: As doenças cardiovasculares lideram o ranking global de causa de morte na população. Dessa forma, identificar precocemente os fatores que contribuem para uma saúde cardiovascular (SCV) ideal pode aumentar a chance de prevenir desfechos negativos em saúde, sendo a adolescência um período propício para intervenções. Nesse sentido, a American Heart Association desenvolveu o escore Life's Essential 8 (LE8) para mensurar a SCV de jovens e adultos. Além disso, há evidências sobre como as disparidades socioeconômicas podem influenciar diretamente a SCV. Contudo, pesquisas na temática da SCV e das disparidades socioeconômicas ainda são escassas em adolescentes. Sendo assim, o objetivo da presente tese é avaliar a prevalência de saúde cardiovascular de adolescentes brasileiros através do escore LE8 e sua associação com a exposição simultânea a desvantagens socioeconômicas. Métodos: Analisou-se os dados de 36.956 adolescentes de 12 a 17 anos, participantes do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), um estudo transversal, de base escolar, com abrangência nacional. A SCV foi avaliada através do escore LE8, o qual varia de 0 a 100 pontos e é composto por oito métricas agrupadas em dois domínios: comportamentos de saúde (dieta, atividade física, exposição à nicotina e sono) e fatores de saúde (índice de massa corporal, colesterol não-HDL, glicemia e pressão arterial). A exposição simultânea às desvantagens socioeconômicas foi avaliada pelos seguintes indicadores: escolaridade dos pais, estrutura familiar, posse de bens no domicílio, tipo de escola e cor de pele, no qual os adolescentes considerados como expostos recebiam 1 ponto. Ao final, calculou-se a soma total do número de exposições, sendo que o escore final variou de 0 a 5. Para análise estatística utilizou-se o software Stata, versão 15.0, considerando o efeito amostral nas estimativas utilizando-se o módulo survey (svy). O teste t de Student foi empregado para comparar médias entre variáveis dicotômicas, enquanto o teste ANOVA de uma via foi usado para variáveis com três ou mais categorias. Utilizou-se a regressão linear múltipla, ajustada para sexo (feminino e masculino) e idade (12-14 anos e 15-17 anos) para avaliar a associação da pontuação simultânea de desvantagem socioeconomica e a SCV. Assumiu-se o p-valor <0,05 para considerar diferenças estatisticamente significativas. Resultados: A média do escore LE8 dos adolescentes foi 75,8 pontos (IC95%: 75,3-76,3), sendo classificado como SCV moderada e variou de acordo com características sociodemográficas. Adolescentes do sexo masculino e entre 12 e 14 anos apresentaram maior escore geral LE8. A média dos fatores de saúde foi maior do que a média dos fatores comportamentais, sendo que o fator dieta apresentou a menor média. Conforme o aumento do número de exposições de desvantagem socioeconômica dos adolescentes, a média do LE8 foi diminuindo, sendo que aqueles expostos simultaneamente a 5 desvantagens apresentam uma redução no LE8 de 4,5 pontos. Ao observar os componentes individuais da métrica de desvantagem socioeconômica, pertencer a uma família fragmentada parece ter um maior impacto na SCV, seguido da posse de bens da família e da baixa escolaridade dos pais. Conclusão: Os adolescentes possuem SCV moderada e a exposição simultânea às desvantagens socioeconômicas apresenta associação inversa com a média de LE8.