Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Vidor, Carolina de Barros |
Orientador(a): |
Ostermann, Fernanda |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/232844
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Resumo: |
O combate às desigualdades de gênero nas áreas científicas e tecnológicas (C&T) têm recebido atenção crescente no contexto brasileiro, resultando não apenas em um aumento expressivo do número de publicações sobre o tema nos últimos anos, mas também no desenvolvimento de iniciativas educacionais que visam estimular jovens mulheres a seguir carreira nessas áreas. Entretanto, estudos indicam que tais publicações e iniciativas tendem a abordar questões de gênero em C&T sem discutir explicitamente o constructo "gênero", ou sem apresentar reflexões aprofundadas e teoricamente fundamentadas sobre as implicações sociais, educacionais e políticas das relações de gênero no contexto da formação acadêmico-científica. Mediante tais considerações, este trabalho adotou uma perspectiva teórico-conceitual e metodológica pós-estruturalista para analisar criticamente tanto "questões de gênero" abordadas na literatura de pesquisa em ensino de física quanto "questões de identidade" envolvidas na formação de pesquisadoras e pesquisadores em ensino de física, assumindo que "gênero" é um constructo complexo e por isso não deve ser entendido como uma categoria redutiva das identidades. As "questões de gênero" foram discutidas a partir de uma revisão sistemática da literatura, a qual incluiu 25 estudos brasileiros e 105 estudos internacionais abordando desigualdades de gênero na prática e no ensino da física publicados na última década (2010 – 2019). Os estudos foram categorizados em três categorias analíticas conforme as representações de problemas e os pressupostos sobre gênero subjacentes aos estudos. As "questões de identidade" foram discutidas a partir da análise crítica de entrevistas realizadas com sujeitos docentes e discentes vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física (PPGENFIS) da UFRGS. Para tanto, foram articulados alguns conceitos fundamentais da filosofia política feminista de Judith Butler, na qual as identidades são discursivamente constituídas em um processo performativo moldado por relações de poder generificadas, racializadas, posicionadas socioeconomicamente e historicamente contingentes. Os resultados foram articulados em três eixos analíticos, os quais permitiram descrever e discutir: (i) os processos de negociação do espaço acadêmico-científico que sustentam a constituição do PPGENFIS como um "lugar" onde se desenvolve a pesquisa e a formação de sujeitos pesquisadores em ensino de física; (ii) os processos de (des)vinculações entre as áreas da física e da educação que sustentam a constituição da área de ensino de física como um "objeto" (isto é, como algo produzido e identificável por meio das práticas discursivas) e dos objetos (de estudo) próprios à área de ensino de física; e (iii) os processos de formação institucionalizada e de autoformação dos sujeitos pesquisadores em ensino de física que sustentam os aspectos relacionais, racializados, generificados e de posicionamento socioeconômico que moldam as relações (inter)subjetivas dentro do PPGENFIS. Os resultados apresentados a partir desses três eixos analíticos permitiram identificar e caracterizar as normas de reconhecimento (norma da física, norma da excelência, norma da autonomia, norma da idealização, normas raciais e normas de gênero) que operam performativamente no PPGENFIS, bem como as condições sociais e materiais inerentemente atreladas a elas, levando em consideração que a existência social de um sujeito na pós-graduação em ensino de física depende da sua sujeição (isto é, subordinação e subjetivação) a tais normas de reconhecimento. |